Católica deixa de prever contração do PIB em 2021. Aponta para crescimento de 1%

O cenário central de contração do PIB de 2% passou a ser o cenário pessimista. Os economistas da Católica antecipam agora um crescimento de 1%. O cenário otimista aponta para 4%.

Quando foi decretado o segundo confinamento, a meio de janeiro, os economistas da Católica foram os primeiros a adaptar as suas previsões à nova realidade, dando como perdido 2021, ano anteriormente visto como de forte retoma, ao prever uma contração anual do PIB de 2%. Três meses depois, o cenário central está mais otimista ao prever um crescimento de 1%, principalmente por causa de uma contração menor em 2020 face ao estimado, mas não se exclui a possibilidade de haver uma contração.

“Para o conjunto do ano de 2021, o cenário central é agora de crescimento em torno de 1%, uma revisão em alta de três pontos percentuais face ao ponto central da previsão anterior (-2%)”, escreve o Católica Lisbon Forecasting Lab na folha trimestral de conjuntura do primeiro trimestre divulgada esta quarta-feira, explicando que “a razão principal para esta revisão é a nova informação do INE sobre as contas nacionais de 2020, com uma contração do PIB inferior ao anteriormente previsto“. Além disso, os dados do primeiro trimestre, apesar das restrições reforçadas, também deram confiança aos economistas da Católica.

O cenário central de janeiro passa agora a ser o cenário pessimista com o PIB a cair 2%. Porém, dada a “muito elevada” incerteza das previsões, não é de excluir à partida uma “hipótese de crescimento mais forte” se houver uma retoma rápida como se viu no terceiro trimestre do ano passado. Nesse caso, o cenário otimista aponta para um crescimento de 4% este ano, o que até está acima das previsões do Conselho das Finanças Públicas (3,3%), Banco de Portugal (3,9%) e Fundo Monetário Internacional (3,9%).

Quanto ao mercado de trabalho este ano, a expectativa é que a taxa de desemprego suba para valores entre os 7,2% e os 8%, com um ponto central de 7,6%. Ao contrário de outras crises, esta contou com apoios à manutenção do emprego, o que tem contido a subida do desemprego e permitido a manutenção dos rendimentos (a nível agregado), levando a um reforço da poupança “forçada” por causa das restrições à mobilidade e consumo. “O regresso da poupança e depósitos aos níveis normais poderá ajudar à recuperação do consumo privado e da atividade económica quando os confinamentos terminarem de forma definitiva“, notam.

A economia portuguesa permanece num ambiente de elevada incerteza associada à evolução da pandemia, da administração de vacinas e das medidas de confinamento“, explicam os economistas, assinalando que “as previsões de curto prazo dependem, acima de tudo, da severidade das medidas de confinamento adotadas ou ainda a adotar em 2021”. O que explica a disparidade das previsões é a probabilidade que se dá à hipótese de novos confinamentos severos: “Na perspetiva do NECEP, o ambiente político, mediático e social é favorável a confinamentos severos caso se vislumbre uma deterioração significativa nos indicadores sanitários diários da pandemia, com o cenário central de crescimento fraco do PIB em 2021 a refletir o valor esperado desse efeito“, notam.

Nos anos seguintes, o NECEP não tem dúvidas de que a economia portuguesa vai crescer, mas está menos otimista do que outras instituições, desde logo porque só vê o PIB a recuperar o nível do quarto trimestre de 2019 em 2023, ao contrário da Comissão Europeia e do Governo que veem isso a acontecer a meio de 2022. Para 2022 apontam para um crescimento do PIB de 4,5% e de 3,5% em 2023, perspetivando uma “baixa probabilidade de confinamento” nesse período.

PIB contrai cerca de 7% no primeiro trimestre. Há o risco de orçamento retificativo

O NECEP estima que o PIB tenha contraído 5% em cadeia e cerca de 7% em termos homólogos no primeiro trimestre, existindo indicadores com quebras “relativamente pequenas” mas outros com quebras “substantivas”. Com estas variações, “a economia portuguesa deve ter operado a cerca de 90% do nível do quarto trimestre de 2019, o último período «normal» antes da pandemia“, estima.

Porém, dado que um segundo confinamento severo não estava nas contas do Governo, há o “risco de forte deterioração das contas públicas e a necessidade de um orçamento retificativo para 2021“, avisam os economistas da Católica, apontando ainda para outros problemas pendentes como as as moratórias publicas e privadas, as quais consideram ser “um risco acrescido significativo sobre a economia portuguesa e o sistema financeiro, notando que correspondem a quase 25% do PIB de 2019”.

“No curto prazo, as moratórias têm ajudado a mitigar o choque do confinamento ao reduzir as necessidades de tesouraria das empresas, permitindo também aliviar os orçamentos de muitas famílias. Mas a médio prazo podem tornar-se num risco de crédito que pesará no balanço das instituições financeiras e também na despesa pública por via das garantias assumidas pelo Estado“, recordam.

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