Números das saídas de trabalhadores da TAP dados por Frasquilho “pecam por defeito”, diz sindicato
"Afirmamos categoricamente que, até este momento, já foram destruídos mais de 2.500 postos de trabalho", diz Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos.
O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) acusou esta sexta-feira o presidente do Conselho de Administração da TAP, Miguel Frasquilho, de “iludir” a realidade, numa entrevista à TVI24, com números das saídas de trabalhadores que “pecam por defeito”.
“Ao assistirmos ontem [quinta-feira] à intervenção do senhor presidente do Conselho de Administração da TAP, num dos canais da televisão portuguesa, não conseguimos esconder uma expressão de incredibilidade com o que ouvimos. Efetivamente, o senhor presidente do CA quando dissertou acerca dos despedimentos, conseguiu iludir completamente a realidade”, afirmou o sindicato, em comunicado.
Na entrevista, Miguel Frasquilho disse que o inicialmente tinha sido identificado um excesso de 3.000 trabalhadores na companhia aérea, que está a ser alvo de um processo de reestruturação. “Depois, sem [Frasquilho] explicar muito bem porquê, passou a 2.000, o que, como é óbvio, retira total credibilidade à narrativa”, apontou o Sitava, acrescentando que com as medidas de adesão voluntária (rescisões por mútuo acordo, pré-reformas, entre outras) propostas pela empresa, “segundo a empresa, saíram 860 trabalhadores, mais 50 para a PGA [Portugália], o que perfaz 910 postos de trabalho destruídos”.
No entanto, o sindicato lembrou que, desde março de 2020 até março de 2021, saíram da TAP 1.700 trabalhadores a quem não renovaram os contratos a termo.
“Os números do senhor presidente pecam por defeito. Afirmamos categoricamente que, até este momento, já foram destruídos mais de 2.500 postos de trabalho e, se teimarem em levar por diante o tenebroso processo que está em curso, de despedimento coletivo disfarçado de voluntário, serão mais de 3.000 postos de trabalho sacrificados na TAP, SA”, apontou o Sitava.
O Sitava reiterou que a companhia aérea está a ser alvo de uma “purga”, que, quando concluída, deixará na empresa “pouco mais de 5.500 trabalhadores”.
“Isto é um suicídio e teremos que pedir responsabilidades também ao Governo, não só pela catástrofe social de injustiças e de famílias destruídas, atiradas para o desemprego – com a capa de medidas voluntárias – mas também por colocar em causa a própria recuperação da empresa”, acrescentaram os representantes dos trabalhadores.
O Sitava apelou ainda para que se ponha fim “a este tenebroso processo que está a resvalar muito rapidamente para o escabroso, com contornos de saneamento pelos mais variados motivos”, de onde não excluem os “políticos e sindicais”.
De acordo com um comunicado enviado pela TAP, na quinta-feira, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), “o resultado líquido do ano foi negativo em EUR 1.230,3 milhões”, um agravamento dos prejuízos em 2020 de quase 1.300% face aos 95,6 milhões de euros do ano anterior.
Após cinco anos de gestão privada, em 2020 a TAP voltou ao controlo do Estado, que passou a deter 72,5% do seu capital, depois de a companhia ter sido severamente afetada pela pandemia de Covid-19 e de a Comissão Europeia ter autorizado um auxílio estatal de até 1.200 milhões de euros à transportadora aérea de bandeira portuguesa.
Um plano de reestruturação da companhia foi entregue à Comissão Europeia no último dia do prazo, em 10 de dezembro, e prevê o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine, 450 trabalhadores da manutenção e engenharia e 250 das restantes áreas. O plano prevê, ainda, a redução de 25% da massa salarial do grupo (30% no caso dos órgãos sociais) e do número de aviões que compõem a frota da companhia, de 108 para 88 aviões comerciais.
No total, até 2024, a companhia deverá receber entre 3.414 milhões de euros e 3.725 milhões de euros.
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