Centeno diz que a economia portuguesa já está a crescer acima de 2019
Em termos homólogos, o indicador de atividade económica do Banco de Portugal já exibiu um crescimento face a 2019 na última semana de abril.
Na última semana de abril, a economia portuguesa já esteve a produzir mais do que na mesma semana de 2019. É isso que mostrará o indicador diário de atividade económica (DEI) do Banco de Portugal que será publicado esta quinta-feira, antecipou Mário Centeno numa conferência de imprensa desta quarta-feira sobre o boletim económico de maio.
O governador do Banco de Portugal revelou que o indicador mostra uma “recuperação muito significativa da tendência de crescimento” da economia portuguesa nas últimas semanas. Em particular a última semana de abril, cujo valor oficial será divulgado esta quinta-feira, o DEI mostrará uma “tendência acima daquilo que é o valor de 2019 deste indicador”.
Além de apresentar um “crescimento homólogo elevadíssimo face a 2020”, o indicador de atividade económica já apresentará na última semana de abril um crescimento homólogo “positivo face a 2019”, o que é “muito mais relevante”, notou Centeno numa mensagem de confiança sobre a evolução futura da economia portuguesa.
Nas últimas semanas — por a comparação já ser feita em relação ao primeiro confinamento de 2020 –, este indicador do BdP tem registado crescimento homólogos entre 10% a 20%. Contudo, no DEI acumulado em dois anos (2019 e 2020), para alisar o efeito da comparação com o primeiro confinamento, os valores ainda não eram positivos, o que deverá passar a acontecer na divulgação desta quinta-feira.
Este novo indicador divulgado este ano pelo banco central incorpora diversas séries de informação, como o tráfego de pesados de mercadorias nas autoestradas, o tráfego de correio nos aeroportos nacionais ou as compras efetuadas com cartões bancários. O impacto da pandemia gerou uma maior necessidade de recurso a este tipo de indicadores económicos de divulgação mais frequente.
Sobre o futuro da economia, Centeno disse que “não parece fazer sentido” promover uma mudança estrutural quando se conseguiu “manter a capacidade produtiva” instalada do país. Isto à exceção das alterações estruturais que já vinham do passado e não estão relacionadas com a pandemia, como é o caso da transição digital e verde, duas prioridades europeias que constam do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Mesmo admitindo o impacto da quebra do turismo na economia portuguesa, o governador do Banco de Portugal desdramatizou: “O turismo é muito, mas não é daquilo que Portugal vive“, garantiu, afirmando que “no período de recuperação económica anterior o turismo foi sobrevalorizado“.
Durante a conferência de imprensa, Centeno deu mais ênfase aos indicadores positivos, argumentando que “não devemos ser derrotistas“. Em causa está o aumento das exportações de bens no início deste ano face a 2019, um resultado que em maio de 2020 “não seria previsto por nenhum dos analistas”, notou. “Devemos acreditar que no resto do tecido económico isso também vai acontecer”, concluiu.
Centeno crê que não será necessário aumentar impostos
O assunto tem sido introduzido na discussão económica nos últimos meses por instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e, a nível nacional, por sugestão de alguns economistas como Susana Peralta e Luís Aguiar Conraria: certos impostos que incidem sobre algumas franjas da população (ou empresas) têm de aumentar para se pagar a crise pandémica e diminuir as desigualdades aprofundadas pela pandemia.
Mário Centeno reconheceu que “há sempre riscos na distribuição do impacto da crise” e que “a desigualdade social é uma matéria importantíssima nos momentos de saída das crises”. Contudo, “se conseguirmos uma ação coordenada de todos os agentes económicos, estou em crer que não necessitemos de medidas dessa natureza [aumento de impostos]“, afirmou o também economistas.
O ex-ministro das Finanças elogiou o percurso feito entre 2016 e 2020, argumentando que “a estabilidade fiscal é uma conquista recente da economia portuguesa”, o que deve ser preservado.
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