Só quatro países da UE vão cortar mais o défice que Portugal este ano

O Governo português prevê uma redução do défice orçamental entre 2020 e 2021 de 1,2 pontos percentuais, passando de 5,7% do PIB no ano passado para 4,5% este ano. Esta previsão consta do Programa de Estabilidade 2021-2025, um documento que os 27 Estados-membros têm de entregar em abril. O que planeiam fazer os outros países europeus? Pelo menos 11 países vão aumentar o défice e 12 vão diminuí-lo, mas uns mais do que outros.

Os Estados-membros deram carta branca a si próprios para gastarem em 2020 e 2021, mas há uns que estão a aproveitar mais do que os outros, tal como já mostraram as estatísticas do Eurostat relativas ao ano passado. Portugal ficou na metade da tabela de défices mais baixos da União Europeia e este ano vai pelo menos caminho: segundo os Programas de Estabilidade entregues por 23 países até ao momento, o défice português será o quarto mais baixo em 2021, apenas superado pela Suécia, Croácia e Luxemburgo.

Mas mais do que o valor em si interessa saber a direção do saldo orçamental face a 2020, tendo em conta a situação epidemiológica de cada Estado-membro e o impacto económico da pandemia. Tal como o ECO escreveu, os dados de 2020 mostram que, entre as economias da UE que mais caíram, Portugal foi o que controlou mais o défice.

Em 2021, o crescimento de 4% previsto pelo Governo fica a meio da tabela em termos de PIB, entre os que crescem menos como a Áustria (1,5%) e os que crescem mais como Espanha (6,5%). Contudo, em termos de défice, Portugal está entre os países que mais vão consolidar já este ano, apesar de as regras orçamentais europeias estarem suspensas.

Croácia é o país que mais consolida em 2021

A redução do défice português em 1,2 pontos percentuais este ano, igual à da Roménia, apenas é superada pela Croácia (-3,6 pontos percentuais), Espanha (-2,6 pontos percentuais), Luxemburgo (-2,1 pontos percentuais) e Bélgica (-1,7 pontos percentuais).

À exceção do Luxemburgo, os outros três países registaram um défice bem superior ao de Portugal em 2020. No caso da Bélgica e de Espanha, apesar de terem uma descida maior, o défice continuará a ser superior ao de Portugal.

O Chipre, a Dinamarca, a Finlândia e a Eslováquia ainda não entregaram o Programa de Estabilidade, de acordo com o site da Comissão Europeia, pelo que não constam desta análise.

Alemanha é o país da UE onde o défice mais sobe em 2021

Quebrando o conservadorismo orçamental que marcou a última década na política alemã, a maior economia europeia prepara-se para aumentar o défice de 4,2% do PIB em 2020 para 9% em 2021, tal como o ECO noticiou. Este agravamento do défice na Alemanha está relacionado com as despesas Covid-19 por causa do confinamento prolongado que o país tem enfrentado nesta terceira vaga europeia.

Porém, o Governo refere que se a execução dos gastos ficar abaixo do orçamentado, o défice será mais baixo em 2021, dependendo da duração das restrições. “Por esta razão, a projeção do défice tem um elevado grau de incerteza”, ressalva no Programa de Estabilidade. Caso a dotação relacionada com a pandemia não seja gasta na totalidade, o défice poderá ficar na casa dos 7%, ainda assim maior do que o de 2020.

Mas o Governo alemão não é o único a ter necessidade de aumentar os gastos num ano em que espera que a economia cresça — não há nenhum país da UE que preveja uma nova contração do PIB em 2021. O défice também irá aumentar mais de um ponto percentual em Itália, República Checa, Holanda, Letónia, Malta, entre outros países. O maior défice deste ano será o de Itália em 11,8% do PIB, após um défice de 9,5% do PIB em 2020. No ano passado, o maior défice foi registado por Espanha (-11%).