Só na Grécia e Itália é que os juros da dívida pesam mais que em Portugal

Os três países com a maior dívida pública da UE são os que também pagam mais para a manter. Ainda assim, essa fatura tem vindo a descer ao longo dos anos.

Apesar da descida da fatura dos juros nos últimos anos, Portugal continua a ser o terceiro país da União Europeia onde o serviço da dívida mais pesa. Apenas Grécia e Itália pagam mais em percentagem do PIB para manter a sua dívida pública. Os dados foram divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) num destaque sobre a evolução da despesa pública em 2020.

“Focando a análise exclusivamente em 2020, Portugal registou um dos valores mais altos no peso dos juros pagos no PIB (2,9%), sendo apenas ultrapassado pela Grécia (3%) e pela Itália (3,5%), países que apresentaram também um nível de dívida pública, em percentagem do PIB, superior ao nosso país”, revela o gabinete de estatísticas. A seguir a Portugal surge o Chipre e depois Espanha (2,2% do PIB).

No ano passado, Portugal pagou 5,8 mil milhões de euros em juros para sustentar a sua dívida pública. Este valor fica bastante acima dos 3,5 mil milhões de euros que pagava em 1999, mas fica bastante abaixo do máximo de 2014 (8,4 mil milhões de euros).

A oscilação das variações dos juros pagos ao longo do período reflete sobretudo as alterações das taxas de juro registadas, uma vez que a evolução da dívida bruta das administrações públicas (consolidada) foi em geral crescente, tendo-se verificado uma taxa média de crescimento anual, entre 1999 e 2020, de 6,9%“, explica o INE no destaque. Ou seja, apesar da subida da dívida pública de 6,9% por ano, em média, a fatura dos juros nem sempre acompanhou da mesma forma esse aumento.

Basta ver que no ano passado a dívida pública deu um salto por causa da crise pandémica — o PIB caiu 7,6% em 2020 — para os 133,6% do PIB, mas o peso dos juros no PIB até caiu. Contudo, Portugal continua a pagar bastante mais do que a média da Zona Euro (1,5% do PIB), quase o dobro, por ter a terceira maior dívida pública da UE, o que aumenta o prémio de risco do país assim como o volume a que se aplica o juro.

“Comparando com o conjunto da Área do Euro, verifica-se que no ano de introdução do Euro, Portugal registou um peso dos juros pagos no PIB muito inferior ao conjunto dos países da Área do Euro (2,9%, que compara com 4% da área do Euro)”, detalhe o INE, assinalando que “a partir de 2006, esta situação inverteu-se, embora ligeiramente, e foi a partir de 2011, em plena crise financeira, onde o país viu o acesso aos mercados da dívida limitado, que se registou um afastamento acentuado“.

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