Primeiro dia do certificado digital marcado por problemas técnicos e restrições a viagens

  • ECO e Lusa
  • 1 Julho 2021

Aviação pede que certificado seja lido antes da ida para o aeroporto para evitar filas. Em Bruxelas, as filas cresceram devido a problemas nos códigos. Alemanha pode rever restrição de viagens.

O tão aguardado “Certificado Digital Covid-19” da União Europeia entrou esta quinta-feira em vigor. No entanto, nem tudo correu como esperado. De problemas técnicos a restrições a viagens, ainda em vigor, há ainda um caminho a percorrer para se chegar à utilização em pleno deste certificado.

A indústria da aviação foi das primeiras a mostrar a sua preocupação quanto ao funcionamento deste certificado. Numa carta aos líderes europeus, citada pelo Politico, indicam que “o risco de caos nos aeroportos europeus é real” e apelam a que os certificados sejam verificados digitalmente antes dos viajantes chegarem aos aeroportos para evitar “longas filas de passageiros e tempos de espera que criariam novos riscos para a saúde”. Além do mais, querem que o certificado seja verificado apenas uma vez, antes da partida.

A TAP subscreveu, enquanto membro da Airlines for Europe e da IATA, a carta em questão.

As filas mencionadas foram testemunhadas em Bruxelas, em Zaventem, o principal aeroporto da capital belga. Maaike Andries, porta-voz da companhia aérea belga Brussels Airlines, indicou à Lusa que o arranque do certificado está a ter alguns “problemas”, e as operações que estão a decorrer no aeroporto não se distinguem muito do que acontecia antes do documento entrar em vigor, devido à dificuldade em utilizar o código “QR”que consta no certificado.

Ao fazerem o “scan” do código, só se vê se, ou não, válido, mas não o seu conteúdo. Assim, o pessoal no “check-in” não consegue verificar se “a pessoa está completamente vacinada”, se “só recebeu uma dose” ou “se tem anticorpos à Covid-19”, o que obriga a companhia a continuar a exigir os comprovativos correspondentes, tal como fazia antes.

Mas os problemas não se fizeram sentir só em Bruxelas. Na Irlanda houve um ataque cibernético que dificultou a implementação de “todas as soluções técnicas”, pelo menos, até quarta-feira (o dia anterior à entrada em vigor do certificado).

Apesar destes problemas técnicos, os turistas consideram que é mais fácil viajar com este certificado e os trabalhadores das companhias pensam que, assim que os problemas forem resolvidos, vai ajudar à retoma do setor da aviação e do turismo.

Além do mais, apesar da implementação do certificado, há de momento uma proibição de viagem na UE: da Alemanha a Portugal – o que vai contra o objetivo do certificado. Ainda assim, a Comissão Europeia parece não estar preocupada com o assunto.

Questionado na conferência de imprensa diária da instituição, em Bruxelas, sobre a interdição, o porta-voz do executivo comunitário para a área da Justiça, Christian Wigand vincou: “Não, não estamos preocupados, estamos confiantes”.

“Temos todos os Estados-membros conectados e mais nenhum Estado-membro nos avisou sobre restrições [pelo que] percorremos já um longo caminho” face aos controlos e fechos de fronteiras registados nos últimos meses devido à pandemia de Covid-19, assinalou o porta-voz.

A Alemanha admitiu um desagravamento da avaliação de Portugal, atualmente na “lista vermelha” de viagens por ser uma “zona de variantes” do SARS-CoV-2, devido à expectável progressão da variante Delta no território alemão que em julho deverá chegar a uma incidência de 70% a 80% no país. A hipótese foi avançada pelo ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, durante uma conferência de imprensa que serviu para apresentar as novas normas que a Alemanha irá aplicar aos viajantes que chegam ao país.

Se as medidas forem aliviadas e nenhum outro governo europeu restringir as viagens – seja com Portugal ou outro Estado-membro – o certificado estará a funcionar em pleno, ainda que com as dificuldades apontadas, que deverão ser resolvidas à medida que o tempo passa.

Para solicitar o certificado é necessário cumprir um de três requisitos: estar vacinado, ter um teste negativo ou estar recuperado da Covid-19.

Estes certificados começaram a ser emitidos a 16 de junho em Portugal e, desde então e até ao final de terça-feira, já foram disponibilizados cerca de um milhão de comprovativos, adiantou à Lusa fonte dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.

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