Centeno desdramatiza subida “temporária” da inflação

O governador do Banco de Portugal não vê uma subida sustentada da inflação na Zona Euro. Quanto à revisão do BCE, Centeno diz que é preciso usar a "margem de manobra" adicional já na próxima reunião.

A 22 de julho, os governadores dos bancos centrais da Zona Euro reúnem-se para adaptar as decisões do Banco Central Europeu (BCE) à nova estratégia de política monetária. Em antecipação, o governador do Banco de Portugal começa a pressionar os seus pares, pedindo que se reflita a maior “margem de manobra” no comunicado dessa reunião. Caso contrário, arriscam a perder credibilidade, avisa. Quanto à subida da inflação, Mário Centeno desdramatiza, classificando-a de “temporária”.

Relativamente à recente subida dos preços na Zona Euro, o ex-ministro das Finanças diz que as causas são “eminentemente temporárias”, nomeadamente a reversão da redução do IVA na Alemanha, a recuperação da cotação do petróleo e os problemas nas cadeias de valor mundiais. “É expectável que estes fatores, os quais irão temporariamente aumentar a taxa de inflação em 2021, não sejam duradouros e, por isso, a nossa previsão para 2023 é de uma taxa de inflação de 1,4%, significativamente abaixo de 2%“, explica Centeno numa entrevista à Reuters divulgada esta terça-feira.

Ou seja, o problema no médio prazo continua a ser uma inflação abaixo da meta do BCE, a qual mudou da expressão “próxima, mas abaixo de 2%” para uma versão simples de 2%. Além disso, ficou clarificado que a meta é simétrica, o que significa que os 2% não são um teto, podendo a inflação ir além dos 2%, temporariamente e de forma moderada. Estas mudanças dão “maior margem de manobra do que antes”, considera Centeno, fazendo pressão aos colegas para refletirem essa maior liberdade de ação já na próxima reunião de política monetária.

Em concreto, o governador do Banco de Portugal pede que haja uma atualização do “forward guidance” (orientação sobre o futuro da política monetária), uma das componentes da comunicação do BCE mais vigiadas pelos mercados financeiros. A ideia é adaptá-lo já a 22 de julho ao “novo enquadramento” da estratégia de política monetária, “caso contrário perderia credibilidade”, avisa Centeno. Quanto ao PEEP, o programa de compras criado no início da pandemia, este manter-se-á em reinvestimento dos montantes até ao final de 2023, sendo que ainda não foi decidido quando começarão a fase de desinvestimento.

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