Sobrequalificação entre migrantes é maior do que entre os cidadãos da UE
Na União Europeia, os migrantes têm mais empregos em que não valorizam as suas qualificações. Mulheres e trabalhadores mais velhos sofrem do mesmo problema.
Os migrantes que trabalham na União Europeia têm elevada probabilidade de serem sobrequalificados para o seu trabalho, ou seja, terem mais qualificações do que as que são exigidas pelas funções que desempenham, revela um estudo sobre a força de trabalho na União Europeia (UE), publicados pelo Eurostat. Estes dados foram recolhidos dos vários estados-membros da UE, correspondendo ao ano de 2020 e aos trabalhadores entre os 20 e os 64 anos de idade.
Os cidadãos provenientes de países fora da União Europeia são os que estão mais sobrequalificados, representando cerca de 41,4% da percentagem de sobrequalificação geral da UE. Seguem-se os cidadãos provenientes de outros estados-membros que trabalham na União Europeia, representando uma taxa de 32,3%. A percentagem é menor nos cidadãos da UE que exercem funções no seu próprio país, 20,8%.
Para além das diferenças entre estes três tipos de cidadania (cidadãos nacionais, cidadãos provenientes de outros estados-membros e cidadãos vindos de países fora da UE), existe uma disparidade entre os homens e mulheres.
As mulheres, vindas de países fora da UE que trabalham dentro da União, têm 6,4% de maior probabilidade de terem qualificações a mais para o seu trabalho em relação aos homens, ao passo que, entre os trabalhadores originários de outros estados-membros, esta diferença é de 6% a mais para as mulheres.
Esta disparidade é muito menos acentuada entre cidadãos a trabalhar no seu próprio país: as mulheres têm 1% de maior probabilidade de estarem a desempenhar funções menos qualificadas em relação aos homens.
Mas as disparidades não se ficam por aqui. A percentagem de sobrequalificação para cidadãos mais velhos (entre os 35 e os 64 anos), vindos fora da União Europeia, é de cerca de 9,4% mais elevada do que para os mais novos, ainda que sejam também provenientes de países fora da UE. Para cidadãos de outros estados-membros, este intervalo é mais pequeno, de apenas 2.2%.
Contudo, para cidadãos nacionais, a tendência inverte-se. Os jovens (entre os 20 e os 34 anos) têm 4,6% de maior probabilidade de se encontrarem sobrequalificados para a função que desempenham, em comparação com os mais velhos.
O Eurostat revela que a Grécia é o país em que mais migrantes, originários de países fora da UE, se encontram sobrequalificados, com uma percentagem de cerca de 71,6%. Segue-se a Itália (66,5%), Espanha (57,1%) e Chipre (55,9%). No que toca a cidadãos da UE que trabalham fora do seu estado-membro de origem, as maiores percentagens de sobrequalificação mantêm-se nos países do sul da Europa. Itália surge em primeiro lugar (47,8%), à frente de Chipre (47,7%) e de Espanha (47,2%).
Os trabalhadores que desempenham funções nos seus países de origem têm menos probabilidade de estar sobrequalificados. Ainda assim, Espanha tem a maior taxa de sobrequalificação (34,5%). Chipre está em segundo lugar (30,5%), seguida muito de perto pela Grécia (30,4%).
Em tendência inversa, o Luxemburgo é o país com as taxas mais baixas de sobrequalificação: 10,8% para cidadãos originários de países fora da UE, 3,5% para trabalhadores de outros estados-membros e 3,2% para nacionais.
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