“Encerrar Matosinhos foi difícil”. Galp cria grupo de trabalho para estudar futuro dos terrenos da refinaria

  • Capital Verde e Lusa
  • 26 Julho 2021

"Estamos em contacto com as autoridades locais e a falar sobre o futuro daquele excelente ativo imobiliário, no coração de uma cidade vibrante", disse o CEO, Andy Browm, na call com analistas.

“Encerrar Matosinhos foi difícil para a Galp”. A garantia foi dada esta segunda-feira pelo CEO da empresa, Andy Brown, numa call com investidores e analistas para apresentar os resultados do primeiro semestre de 2021.

“Já encerrámos completamente as operações em Matosinhos, à exceção da cogeração. Estamos em contacto com as autoridades locais e a falar sobre o futuro daquele excelente ativo imobiliário, no coração de uma cidade vibrante. Vamos ter lá um parque logístico, uma fábrica de lubrificantes, mas estamos em diálogo com as autoridades para ver o que vai nascer ali”, disse Andy Brown.

Já o CFO da Galp, Filipe Silva, deu conta na mesma call que a Galp registou provisões no valor de 200 milhões de euros quando anunciou o fecho de Matosinhos, “o que inclui a descontaminação, o descomissionamento da refinaria”, mas não o o valor do terreno, “porque está em aberto, para discussão, para que fins será usado”.

“É um exercício delicado descomissionar a refinaria, mas tudo está a correr conforme planeado”, disse Filipe Silva.

No mesmo dia, a petrolífera anunciou a criação de um grupo de trabalho que vai estudar a criação de uma plataforma para endereçar os desafios da transição energética em Matosinhos.

Este grupo, que terá a coordenação de Rodrigo Tavares, integra vários quadros da Galp, peritos nacionais e internacionais – como Ana Lehmann, Adélio Mendes ou Falk Uebernickel – , e prevê a colaboração de stakeholders de âmbito local, nacional e internacional. As conclusões serão reveladas em tempo oportuno.

“Reforçamos que a Galp vai continuar a sua presença em Matosinhos, presença essa já assegurada com a manutenção de um parque logístico”, disse a Galp em comunicado.

No dia em que foi conhecido o estudo encomendado pela Câmara de Matosinhos à Universidade do Porto para avaliar os impactos socioeconómicos do fecho do complexo petroquímico no concelho, a Galp garantiu que irá analisar os resultados e partilhar oportunamente os seus comentários com a Câmara Municipal de Matosinhos.

“A Galp reconhece os impactos regionais desta decisão e tem estado empenhada e disponível para procurar as melhores soluções para o futuro das instalações, das pessoas e do concelho”.

Segundo o estudo encomendado pela autarquia de Matosinhos à Universidade do Porto, o encerramento da refinaria de Matosinhos, “no cenário de não existirem alternativas para o complexo de refinação da Petrogal, estima-se a perda de 1.600 postos de trabalho em Matosinhos e de 5.000 na Área Metropolitana do Porto”.

O estudo sugere a criação de um Centro Tecnológico da Energia e do Mar, a ser constituído por um laboratório para a energia e para o mar, uma incubadora de empresas, hospedaria de laboratórios industriais e um parque de pilotos industriais, adianta o estudo.

“Esta solução criará mais emprego, mais sustentabilidade e mais valor acrescentado do que a refinaria agora encerrada, permitindo a criação de um ecossistema de inovação e desenvolvimento, liderado por instituições âncora como universidades e grandes empresas”, refere o estudo.

O objetivo é, acrescenta, que este centro seja “um viveiro para novos recursos e novas ideias em áreas como a mobilidade inteligente ou a valorização energética de resíduos”.

A Galp desligou a última unidade de produção da refinaria de Matosinhos em 30 de abril, na sequência da decisão de concentrar as operações em Sines.

A petrolífera justificou a “decisão complexa” de encerramento da refinaria de Matosinhos com base numa avaliação do contexto europeu e mundial da refinação, bem como nos desafios de sustentabilidade, a que se juntaram as características das instalações.

Após ter decidido o encerramento da refinaria, a Galp encetou conversas individuais com os 401 trabalhadores em causa, chegando a acordo com mais de 40%.

“Dentro desses, mais de 100 continuarão a sua atividade, quer no parque logístico de Matosinhos, que manterá as suas funções de abastecimento ao mercado de combustíveis do Norte do país, quer por via da mobilidade interna para as áreas das renováveis, inovação, novos negócios e também para a refinaria de Sines”, adiantou à Lusa, em maio, o administrador da Galp Carlos Silva.

Por outro lado, mais 30% do total dos trabalhadores da refinaria de Matosinhos irão manter-se, pelo menos, até janeiro de 2024, no âmbito das operações de desmantelamento e descontinuação.

O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.

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