Medidas que exigem isolamento profilático de pessoas vacinadas põem em risco recuperação no setor do vestuário e calçado

  • Trabalho
  • 26 Julho 2021

As associações do setor garantem ter feito queixa ao Ministério da Economia, que remete para as recomendações da DGS.

As medidas de contenção da pandemia determinadas pela Direção-Geral de Saúde (DGS) estão a gerar uma situação de absentismo em setores tradicionais de produção como o têxtil e vestuário e a provocar atrasos nas entregas de encomendas, obrigando ao pagamento de penalizações aos clientes, dizem os industriais do setor. Os casos de absentismo, estimam, ronda os 20%.

“Como é que se continua a mandar para isolamento profilático pessoas que já têm as duas doses da vacina tomadas há mais de duas semanas? Como é que uma empresa se consegue organizar para cumprir com as encomendas quando tem 20% dos seus trabalhadores em falta? Isto é um absurdo e está a criar graves dificuldades às empresas”, desabafa César Araújo, presidente da Anivec, a associação do vestuário e confeções, em declarações ao Dinheiro Vivo.

A Associação de Têxteis e Vestuário de Portugal (ATP) nota um aumento das queixas por parte das empresas. “Com o crescimento no número de casos aqui na zona, designadamente nos concelhos de Santo Tirso, Barcelos, Famalicão e Guimarães, aumentaram as queixas das empresas, porque, além dos trabalhadores infetados, a DGS manda para casa, para isolamento profilático, todos os que trabalham próximos, mesmo quando se trata de pessoas com a vacinação completa”, diz o presidente da ATP, Mário Jorge Machado.

Para o líder da associação, a medida é “desprovida de qualquer sentido”. O que faria mais sentido, na sua opinião, seria o reforço da testagem para estes casos, mas mantendo os trabalhadores no ativo. “Que os casos positivos fiquem em casa parece-me óbvio. Quanto aos restantes, obrigue-se à realização de testes rápidos diários. Mandá-los para casa não é a solução”, defende.

Ainda que não tenha dados concretos sobre o nível de absentismo, a ATP considera que os 20% referenciados por César Araújo estão em linha com a realidade. “Acredito que seja dessa ordem de grandeza, sim, atendendo ao número de queixas que nos têm chegado.”

Esta situação está a criar dificuldades em cumprir os prazos de entrega estabelecidos, que, se falhados, obrigam as empresas a pagar penalizações aos clientes. “Começamos a ter problemas graves, com clientes a cancelar as encomendas”, admite César Araújo.

Colocada a questão ao Ministério do Trabalho, fonte oficial do gabinete da ministra Ana Mendes Godinho responde que “a determinação das regras quanto ao isolamento profilático das pessoas, mesmo que vacinadas, é da inteira responsabilidade da DGS”. O Dinheiro Vivo questionou, ainda, o Ministério da Saúde, mas não obteve qualquer resposta até ao fecho da edição.

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