Caixa quer devolver dois mil milhões da recapitalização até 2023

Paulo Macedo reforçou intenção de pagar dividendo extra de 300 milhões ao Estado, mas também quer recomprar os 500 milhões de dívida AT1 que custam 40 milhões por ano em juros ao banco público.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) pretende devolver até junho de 2023 dois mil milhões de euros aos investidores que injetaram dinheiro no banco público na última recapitalização, revelou o CEO Paulo Macedo esta sexta-feira.

Não só quer pagar dividendos ao acionista Estado, que foi o principal contribuinte da recapitalização da Caixa em 2017, como também pretende amortizar os títulos de dívida AT1 (perpétua) e AT2 (maturidade de 10 anos) no valor de 1.000 milhões que o banco público teve de emitir no processo de reforço de capital realizado há quatro anos.

“Entendemos que é possível distribuir um dividendo adicional”, declarou Paulo Macedo na conferência de resultados. O Jornal de Negócios noticiou a possibilidade de um dividendo extraordinário de 300 milhões de euros, já depois de a Caixa ter desembolsado 84 milhões ao Estado e de o Banco Central Europeu (BCE) tirar o travão aos dividendos a partir do final de setembro.

Mas “há outra questão para a distribuição de dividendo”, avisou o líder da Caixa. “Nunca pode pôr em causa o pagamento do AT1. É o melhor investimento que o nosso acionista pode ter, que é livrar-se de um encargo de uma entidade de capitais públicos onde paga 10,75%”, explicou. “É a grande prioridade da Caixa” liquidar os AT1, sublinhou o gestor,

Ou seja, a Caixa prepara-se para recomprar os 500 milhões de euros em títulos AT1 que emitiu em 2017, no âmbito do processo de recapitalização, com o objetivo de “poupar cerca de 40 milhões anos por ano”.

Segundo as contas de Paulo Macedo, com os dividendos ao Estado e a liquidação dos títulos AT1, a Caixa vai conseguir assim devolver 1.000 milhões de euros aos investidores até junho de 2023. Mas não ficará por aqui.

“Se as coisas continuarem a correr bem, aí já é mais difícil de ver, até 2023 pagará outros mil milhões. Ou seja, amortizará os 500 milhões do Tier 2, se tiver as autorizações necessárias, se não houver problemas com as moratórias e se o país e o mundo tiverem recuperado da pandemia”, apontou Macedo. Nestes cálculos já estará a contar com mais 500 milhões de euros em dividendos para o Estado.

No âmbito da recapitalização da Caixa, o Estado pôs 3,9 mil milhões de euros no banco público, cujo capital foi ainda reforçado com duas idas ao mercado para emitir 500 milhões em dívida AT1 e outros 500 milhões em dívida AT2.

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