Pandemia dá gás ao maior boom nos preços das casas em duas décadas

Taxas de juro historicamente baixas, economias abaladas pelos confinamentos e vontade de mais espaço durante o teletrabalho têm alimentado tendência de subida dos preços.

Eram muitos os que acreditavam que os preços das casas iam cair com a pandemia, mas a realidade mostrou ser bastante diferente. Os preços estão a disparar em quase todas as grandes economias do mundo, naquela que é a maior recuperação em mais de duas décadas, criando preocupações quanto às potenciais ameaças à estabilidade financeira, diz o Financial Times (acesso pago, conteúdo em inglês).

Dos 40 países para os quais a OCDE tem dados, apenas três viram uma descida nos preços das casas no primeiro trimestre deste ano: é a maior proporção desde que a série de dados foi criada, em 2000, revela um estudo do FT. Taxas de juro historicamente baixas, economias abaladas durante os confinamentos e a vontade de mais espaço enquanto se está em teletrabalho têm alimentado esta tendência.

A curto prazo, esta subida dos preços pode ser “algo positivo para a economia, porque quem já tem casa sente-se mais rico e pode lucrar mais com a valorização dos seus ativos”, diz Claudio Borio, responsável do Departamento Económico do Banco de Pagamentos Internacionais. Contudo, o especialista reconhece que se esta tendência de subida persistir, pode transformar-se num boom insustentável, que pode originar o “reverso”.

Os baixos custos dos empréstimos tornam a compra de uma casa mais acessível em relação ao arrendamento ou outros investimentos. Ao mesmo tempo, houve muitas pessoas a mudar de casa, normalmente para espaços maiores e em zonas mais calmas, resultado de várias horas de teletrabalho. A situação foi “acentuada pela falta de oferta e pelo aumento dos preços de construção”, diz Mathias Pleissner, economista da Scope Ratings.

Os preços médios das casas na OCDE estão a crescer a um ritmo mais rápido do que as rendas, tornando as casas cada vez menos acessíveis. Adam Slater, economista-chefe da Oxford Economics, nota que as casas nas economias avançadas estão cerca de 10% sobrevalorizadas em comparação com as tendências de longo prazo. É um dos maiores booms desde 1900, embora menor do que o que antecedeu a crise financeira de 2008.

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