Pandemia ajuda partidos a equilibrar contas. Só Bloco continua com “prejuízos”

Todos os partidos, à exceção do Bloco, conseguiram ter um resultado positivo em 2020, com a pandemia a permitir maior contenção de custos.

2020 foi um ano atípico para a política com congressos adiados e muito menos ações presenciais por causa da pandemia. Essa circunstância levou a uma melhoria das contas dos partidos com representação parlamentar, com quase todos, exceto o Bloco, a registar “lucro” no resultado operacional do ano passado. A angariação de fundos, porém, registou uma queda significativa, principalmente no PCP. O PSD continua a ser o partido com melhor saúde financeira e o PS com a pior, sendo notório avanço nos capitais próprios dos partidos pequenos.

Há várias formas de olhar para a situação financeira dos partidos, mas entre as variáveis observadas destacam-se os capitais próprios, ou seja, a situação líquida — a medida mais direta da saúde da empresa em determinado momento. Genericamente, esta corresponde à diferença entre os ativos e o passivo, neste caso dos partidos. Nesta ótica, o PSD está no topo com 20,8 milhões de capitais próprios, o que compara com a situação do PS de 3,3 milhões de euros de capitais próprios negativos.

Nível de capitais próprios (ativos – passivos) dos partidos com assento parlamentar

Fonte: Relatórios de contas dos partidos entregues à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP).

Segue-se o PCP com 17 milhões de euros e o BE com 2,4 milhões de euros, em contraste com o CDS que tem capitais próprios negativos de 212 mil euros (ainda assim, uma melhoria significativa face a 2019).

Há ainda o PAN com 368 mil euros, o PEV com 258 mil euros, a Iniciativa Liberal com 132 mil euros e o Chega com 90 mil euros — ressalve-se que o Livre não se encontra nesta análise uma vez que a deputada eleita desvinculou-se do partido. Mas há mais para analisar além da situação global acumulada de cada partido.

Focando apenas em 2020, qual foi o partido com melhor desempenho? Também nesta ótica o PSD mantém-se como o partido com as contas mais equilibradas ao registar um “lucro” de 854 mil euros em 2020. Segue-se o PS com um resultado positivo de 365 mil euros no ano passado, apesar de ter a saúde financeira acumulada pior entre os partidos, e o PCP com 351 mil euros.

O CDS registou um lucro de 244 mil euros e, apesar de continuar em “falência técnica”, registou uma melhoria significativa da sua situação desde que Francisco Rodrigues dos Santos assumiu a liderança no início de 2020. Isto apesar de o partido estar a descer drasticamente nas sondagens e a registar saídas de peso.

Segue-se o PAN com um resultado positivo de 130,7 mil euros, a Iniciativa Liberal com 100 mil euros, o PEV com 99 mil euros e o Chega com 52 mil euros. O único partido com um “prejuízo” foi o Bloco com um saldo negativo de 142 mil euros.

A maioria dos partidos viram as receitas com quotas aumentar, principalmente o PSD cuja receita total de quotas superou um milhão de euros, acima da receita do PS (977 mil euros). De notar também a subida das quotas nos partidos mais pequenos, principalmente a IL (65 mil euros), o dobro do ano passado, e o Chega (258 mil euros), dezasseis vezes o que tinha recebido no ano anterior.

No caso da angariação de fundos, houve uma redução significativa, mas mais acentuada no PCP porque este também é o partido que mais recorre a este tipo de financiamento: esta receita dos comunistas baixou dos 2,4 milhões de euros em 2019 para os 918 mil euros em 2020, o que também deverá ser explicado pela pandemia.

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