Nos jogos da Liga, ainda nenhum estádio chegou à lotação permitida

  • Joana Abrantes Gomes
  • 21 Agosto 2021

Após duas jornadas, o estádio do Porto, com 50.033 lugares, foi aquele que recebeu mais adeptos (15.429). No entanto, o número fica abaixo de 1/3 de lotação que é permitida.

A primeira liga de futebol arrancou mais uma época no dia 6 de agosto. Com ela, os adeptos regressaram aos estádios, depois de 17 meses de bancadas vazias. A presença de público nas bancadas está condicionada, limitada a 1/3 da lotação do estádio, por causa da pandemia. No entanto, mesmo com esta redução, os clubes têm tido dificuldade em alcançar os 33% de lotação permitida.

Com duas jornadas jogadas, e após cada equipa do principal escalão do futebol português já ter jogado pelo menos uma vez “em casa”, nenhum estádio atingiu ainda o máximo de lotação permitida pela DGS. Só o Benfica foi capaz de vender todos os bilhetes disponíveis, mas num jogo a contar para a Liga dos Campeões.

Segundo a informação disponível no site da Liga Portugal, referente à época 2021/2022 da primeira liga, o FC Porto foi o clube que conseguiu, até agora, a maior percentagem de adeptos em estádio. Com uma lotação de 50.033 lugares, o Estádio do Dragão recebeu 15.429 adeptos no primeiro jogo, quando poderia receber até 16.510 pessoas, de acordo com as regras sanitárias em vigor. Corresponde a uma percentagem de 30,84% da lotação máxima do estádio.

Segue-se o Vitória SC, que alcançou 29,28% de adeptos no primeiro jogo da época, ou seja, 8.824 adeptos. O Estádio D. Afonso Henriques, com capacidade para 30 mil adeptos, pode receber, de momento, até 9.900 visitantes.

O FC Famalicão surge com a terceira maior percentagem de público até à data nesta época. Tendo recebido o Porto na última jornada, o Estádio Municipal de Famalicão acolheu 26,38% de massa adepta (1.388 pessoas), sendo que, para chegar aos 33% de lotação, teria de sentar 1.751 pessoas nas bancadas, onde existem 5.307 lugares.

Já o Benfica e o Sporting tiveram, respetivamente, 21,81% e 17,96% do terço de lotação permitida nos estádios. O Estádio da Luz, por ser o que tem maior capacidade em Portugal (65.642), é aquele que pode receber o maior número de adeptos ao abrigo da lotação máxima permitida pela DGS.

No entanto, os adeptos que marcaram presença no jogo contra o Arouca foram apenas 13.973, de um total de 21.661 que o clube da Luz poderia ter recebido neste momento. O estádio do Sporting, por seu lado, recebeu 9.066 visitantes na primeira jornada, quando pode acolher, de momento, até 16.531 pessoas.

Alargando a análise a outras competições, as “águias” conseguiram vender todos os bilhetes disponíveis para o encontro da passada quarta-feira, dia 18 de agosto, com o PSV Eindhoven, referente à primeira mão do play-off da Liga dos Campeões. Ou seja, a ocupação das bancadas do Estádio da Luz foi de 33%, precisamente a limitação definida pela DGS devido à pandemia.

A percentagem máxima de lotação permanecerá, pelo menos, até ao final de agosto, altura que antecede o início da segunda fase de desconfinamento. Até lá, os titulares de bilhetes só podem entrar nos estádios com teste negativo à Covid-19 — PCR até 72 horas antes do jogo ou antigénio até 48 horas antes –, ou certificado digital da Covid-19 que comprove a vacinação completa ou a recuperação da doença.

Contudo, de acordo com o decido pelo Governo no Conselho de Ministros de 29 de julho, os limites de lotação poderão terminar quando a taxa de vacinação completa da população atingir os 85%. Se se confirmar o que é esperado, os estádios portugueses poderão encher a partir de outubro.

Cartão do Adepto é outra condicionante

A Covid-19 não é, porém, a única condicionante à presença de público nos estádios. Nesta época, chegou também o Cartão do Adepto, um documento válido por três anos e emitido para maiores de 16 anos, desenhado para combater a violência e o racismo nos eventos desportivos.

Os adeptos que queiram ver as suas equipas nos jogos “fora de casa” terão de ser portadores deste cartão, que tem um custo de 20 euros e permite aceder às Zonas de Condições Especiais de Acesso e Permanência de Adeptos (ZCEAP), ou seja, o local onde ficam os adeptos das equipas visitantes. Porém, os adeptos podem também comprar bilhetes para outras zonas dos estádios.

Questionada pelo ECO sobre o que explica as baixas assistências nos primeiros jogos da liga, fonte oficial da Liga Portuguesa de Futebol Profissional explicou que, “atualmente, os adeptos ainda estão numa fase de se habituarem a várias exigências, como a apresentação de um dos três certificados digitais (vacinação, recuperação ou teste), para além de um natural receio existente na participação em eventos de grande massa”.

Para esta entidade, a retoma dos espetadores aos estádios é não só um “desafio dos clubes” como também da Liga, assentando, “principalmente nesta primeira fase, na capacidade de se transmitir a todos os adeptos que ir a um estádio é seguro e que é um passo essencial para os clubes que apoiam”.

Sobre a reavaliação da lotação permitida nos estádios, a Liga afirmou que mantém reuniões periódicas com a DGS, que decidirá “em função daquilo que for a evolução epidemiológica do país”.

Acerca do Cartão do Adepto, o presidente da Liga, Pedro Proença, disse, na última terça-feira, em Matosinhos, que se trata de “uma imposição legal e que a Liga está a cumprir uma normativa imposta pelo Governo”. “Sabemos de antemão os inconvenientes que o cartão tem e, em devida altura, já colocámos as nossas questões, mas vamos todos ter de nos habituar“, considerou o antigo árbitro português.

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