Católica investe 25 milhões para iniciar curso de Medicina. Alunos pagam mais de 16 mil euros por ano

O primeiro curso ministrado fora do ensino público arranca esta terça-feira com os primeiros 50 alunos. Irão desembolsar mais de 16 mil euros por ano para serem Doutores.

Foram cerca de 25 milhões de euros investidos num projeto há muito ambicionado pela Universidade Católica Portuguesa (UCP): lecionar um curso de Medicina. O primeiro curso ministrado fora do ensino público arranca esta terça-feira com os primeiros 50 alunos. Irão desembolsar mais de 16 mil euros por ano para serem Doutores.

“A expectativa é de renovar a educação médica em Portugal e formar médicos que contribuam de forma decisiva para a contínua melhoria da Medicina que se pratica no país”, diz Isabel Capeloa Gil, a Reitora da UCP, citada em nota de imprensa.

Localizada em Sintra, a Faculdade de Medicina da UCP envolveu um investimento inicial de 25 milhões de euros, injetados para criar as condições de estudo teórico-prático, com um laboratório de Anatomia e um Centro de Simulação pré-graduado, bem como laboratórios de investigação.

Faculdade de Medicina, da Universidade Católica Portuguesa

Os primeiros 50 alunos do mestrado integrado de medicina — dos quais quatro estrangeiros — começam esta terça-feira as aulas, praticamente um ano depois do Conselho de Administração da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) ter comunicado à UCP a acreditação do curso. A luz verde chegou depois de, no final de 2019, a A3ES ter chumbado a primeira proposta apresentada pela Católica, com base nos pareceres negativos da Ordem dos Médicos e de uma Comissão de Avaliação Externa.

Faculdade arranca com 60 docentes

Neste momento, há 60 docentes contratados, mas no total serão 190 professores, adianta fonte oficial da Faculdade de Medicina da UCP à Pessoas. O mestrado integrado de medicina é ministrado em inglês e envolve ainda parcerias com a Universidade de Maastricht, na Holanda, e uma parceria clínica com o Grupo Luz Saúde.

Cinquenta alunos foram selecionados de um total de 210 candidaturas. “Para além de excelência académica, procuramos candidatos motivados para estudar num método de ensino centrado no aluno e com competências necessárias a um médico: comunicação, empatia, resolução de problemas, integridade, colaboração, entre outras”, refere fonte oficial da Faculdade.

A seleção dos candidatos teve por base não só as notas do secundário dos alunos — que contaram 85% para a nota de seriação — como também a resposta a quatro perguntas escritas “destinadas a avaliar a motivação para medicina e para estudar na FM-UCP”, bem como “oito minientrevistas destinadas a avaliar competências pessoais como resolução de problemas, empatia, comunicação entre outras”. Estas duas componentes contaram 15% para a nota de seriação. Feitas as contas, o primeiro colocado teve uma nota de 19,3 valores e o último entrou com uma nota de 17,4 valores.

Custos anuais superiores a 16 mil euros

Para se candidatarem os alunos tiveram de pagar 350 euros (valor não reembolsável caso não seja selecionado) e os agora selecionados terão de desembolsar 1.625 euros, durante 10 meses por ano, com as propinas. Ou seja, 16.520 euros em cada ano letivo. A este valor acresce a taxa de inscrição anual de 1.500 euros.

Valores bem acima do custo que as famílias terão de desembolsar caso o aluno tire um curso de Medicina numa das sete universidades públicas do país. Em Portugal, independentemente do real custo do curso, o valor máximo das propina no ensino superior público está fixado em 697 euros/ano. O que significa que tirar o curso na universidade pública custa cerca de 4.200 euros, enquanto na Católica esse montante fica a rondar os 100 mil euros por seis anos de formação, a duração de um mestrado integrado.

Neste ano letivo, as universidades públicas que ministram o curso de Medicina mantiveram o número de vagas inalterado. Na Universidade da Beira Interior manteve as 140 vagas do ano letivo anterior, tendo a Universidade do Minho (120), a Universidade do Porto (245), a Universidade de Coimbra (255 vagas), a Universidade de Lisboa (295) e Nova de Lisboa (231) optado por manter o mesmo número de vagas disponíveis.

O ministro do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, já admitiu a vontade de expandir e modernizar os cursos de Medicina. Até 2023, quer criar três novas escolas: em Aveiro, Vila Real e Évora.

“Acabou de ser formado o centro académico clínico em Aveiro e agora estão em preparação o futuro centro académico clínico de Évora e o centro académico clínico de Vila Real, ligado à UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro). Com estes três novos centros académicos clínicos conseguimos facilitar a capacitação científica para vir a alargar o ensino da Medicina, certamente de uma forma diversificada em relação ao que já se faz em Portugal“, explicou Manuel Heitor, em entrevista ao Diário de Notícias.

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