Seis perguntas e seis respostas sobre a COP26, a menos de um mês do arranque em Glasgow

  • Capital Verde
  • 7 Outubro 2021

Esta é a reunião mais importante desde a COP21, em 2015, quando quase 200 líderes mundiais assinaram o Acordo de Paris e formalizaram o seu compromisso em travar as mudanças climáticas.

É já no fim de outubro, início de novembro, que o Reino Unido vai receber os líderes mundiais de 196 países, mais a União Europeia, em Glasgow, na Escócia, para a 26ª Conferência Anual sobre Alterações Climática das Nações Unidas – também conhecida como COP26. A conferência acontece poucos meses após o lançamento do último relatório do IPCC, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, que afirmou ser inequívoca a influência humana no sobreaquecimento do planeta.

A organização ambientalista Greenpeace preparou um guia para responder a todas as dúvidas sobre o maior encontro global dedicado à luta contra a crise climática.

O que é a COP26?

A COP26 é a edição de 2021 da Conferência Anual sobre Alterações Climática das Nações Unidas. COP significa Conferência das Partes. As Partes são os signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) — um tratado acordado em 1994 que tem 197 Partes (196 países e a UE). A conferência de 2021, realizada pelo Reino Unido em parceria com a Itália, acontecerá em Glasgow, na Escócia, e será a 26ª reunião das Partes, por isso é chamada de COP26.

As conferências das Nações Unidas sobre mudanças climáticas estão entre as maiores reuniões internacionais do mundo. As negociações entre governos são complexas e envolvem autoridades de todos os países do mundo, bem como representantes da sociedade civil e de meios de comunicação.

Quando tem lugar a COP26?

Entre 31 de outubro e 12 de novembro.

Qual a importância da COP26?

Esta é a reunião mais importante desde a COP21, em 2015, quando quase 200 líderes mundiais assinaram o Acordo de Paris e formalizaram o seu compromisso em travar as mudanças climáticas. Para isso, em Paris, cada nação signatária prometeu desenvolver planos para diminuir consideravelmente as emissões de carbono e apresentar as suas estratégias cinco anos mais tarde, precisamente na COP26. O encontro estava previsto para ocorrer ano passado, mas foi adiado devido à pandemia global e Covid-19. A última COP aconteceu em Madrid, em 2019.

“A conferência que se aproxima é de suma importância porque estamos na última década para juntar esforços e evitarmos que os impactos do aquecimento global sejam ainda mais perversos. Estamos a falar de desastres naturais inimagináveis, eventos extremos cada vez mais intensos e frequentes, subida do nível do mar e perda irreparável da biodiversidade”, diz a Greenpeace. Após a pandemia, a COP26 também é uma oportunidade única para que a reconstrução de uma economia global mais forte, justa e sustentável seja um objetivo comum entre todos os países.

Quem participará na COP26?

Representantes de governos, organizações não-governamentais, empresas, cientistas, grupos religiosos e delegações de povos indígenas de todo o mundo estarão presentes. A conferência acontece ao longo de duas semanas e tradicionalmente tem início com negociações técnicas. Este ano a estrutura será pouco diferente e o evento começará com a Cimeira Mundial de Líderes nos dois primeiros dias.

Devido à desigualdade no acesso às vacinas contra a Covid-19, muitos países não participarão de forma presencial. Os ambientalistas defendem que a COP só deve ser realizada se for acessível e segura a todos os participantes.

O que será discutido na COP26?

A prioridade será fazer com que os países se comprometam a reduzir a zero as emissões de carbono até a metade deste século, com cortes mais agressivos a partir de 2030. Também deverão ser abordadas iniciativas específicas, como a eliminação do uso de carvão e a proteção a ecossistemas.

A COP26 é o prazo final para que os países apresentem seus planos de redução de emissões de gases com efeito estufa. Juntos, estes planos devem colocar o mundo no caminho certo para deter o aumento da temperatura global de mais de 1,5ºC até o final do século.

No entanto, entre 2011 e 2020, a média da temperatura global atingiu 1,2°C acima dos níveis pré-industriais.

“Apesar de serem um compromisso oficial, estes planos são muito improváveis de serem entregues e executados no atual cenário político e económico, em que o incentivo aos combustíveis fósseis e a busca pelo lucro em detrimento do meio ambiente são predominantes”, argumenta a Greenpeace.

Ao assinarem o Acordo de Paris, as nações mais ricas do mundo também prometeram pagar 100 mil milhões de dólares por ano para ajudar os países mais pobres a reduzir suas emissões e protegerem-se contra os impactos da mudança climática. Não se espera que isto esteja na agenda formal da COP26, mas ainda assim deve ser debatido.

Antes da COP26, mais de 100 países em desenvolvimento apresentaram os seguintes pedidos:

– Financiamento (por parte de países ricos) para combater e adaptar-se às mudanças climáticas;
– Compensação (também por parte de países ricos) para os efeitos que as mudanças provocarão;
– Dinheiro para ajudar a tornar suas economias mais verdes.

Quais são os entraves à COP26?

As regras para os mercados de carbono também estão na agenda da COP26. No entanto, estas complexas discussões ameaçam atrapalhar as negociações da cimeira, deixando pouco espaço para acordos mais urgentes sobre financiamento climático e eliminação gradual dos combustíveis fósseis.

O Greenpeace defende, a nível internacional, que os mercados de carbono não se devem tornar uma distração em Glasgow, já que “dão aos países e empresas um “passe livre” para continuar a poluir através da compensação de carbono”.

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