Colaboradores da Desigual aprovam semana de 4 dias. Medida prevê corte salarial

A companhia do setor da moda vai avançar com esta medida que reduz a semana laboral, e também os salários. Apenas os colaboradores da sede, em Barcelona, estão envolvidos.

Sede central da Desigual, em Barcelona.Quique García (EFE)

Depois de a Desigual ter proposto aos seus colaboradores — excluindo as equipas de vendas e operações — reduzir a semana de trabalho para quatro dias, de segunda a quinta-feira, os trabalhadores pronunciaram-se. Votaram “sim”, o que significa que a empresa vai mesmo avançar com a semana de trabalho reduzida mediante, contudo, um corte salarial de 6,5%. Trabalhadores da cadeia de moda espanhola em Portugal não estão abrangidos por esta medida.

A decisão abrange apenas os colaboradores da sede da empresa, em Barcelona, confirma a companhia à Pessoas. “Para já a medida é apenas para a sede da Desigual (headquarters em Barcelona)”, revela fonte oficial da Desigual.

Mais de 86% dos colaboradores abrangidos pela medida aprovaram a proposta da companhia, que inclui, ainda, a opção de trabalhar a partir de casa num dos quatro dias laborais. Este valor superou o objetivo que a empresa tinha estabelecido, que era obter o apoio de, pelo menos, 66% dos funcionários.

“Estamos muito felizes por esta iniciativa ter sido apoiada por uma grande maioria dos nossos empregados. Sabíamos que era uma proposta arriscada e que poderia causar algumas hesitações, mas estamos confiantes de que contribuirá para melhorar o equilíbrio trabalho-vida para todos na Desigual. Estamos entusiasmados com a nova etapa que hoje iniciamos, que encarna a mentalidade inovadora e ousada que sempre nos distinguiu e que é partilhada por toda a equipa”, afirma Alberto Ojinaga, CEO da Desigual, em comunicado.

“A nova semana de trabalho exigirá um processo de adaptação e um esforço unificado, mas a pandemia mostrou-nos que podemos organizar o trabalho e as equipas de uma forma diferente e continuar a ser eficientes, dando prioridade ao que realmente importa. Além disso, esta iniciativa torna-nos mais atraentes como organização, o que nos permitirá reter e atrair os melhores talentos”, considera o líder da Desigual.

Ao comentar o resultado da votação, que envolveu cerca de 500 empregados sediados em Barcelona e teve uma taxa de participação de 98%, Alberto Ojinaga confessou, ainda, que adoraria que a decisão tomada esta sexta-feira pelos funcionários “criasse um precedente e inspirasse outras empresas”.

Menos dias de trabalho, com corte salarial

As novas horas trazem algumas alterações aos termos dos contratos dos empregados que irão beneficiar desta medida. Estes trabalham agora 34 horas por semana, em vez das atuais 39.5 horas, e vão ter uma redução salarial associada ao ajustamento das horas (13%). “A empresa propõe partilhar esta redução, assumindo 50% da diferença, o que significa que os empregados verão apenas uma diminuição de 6,5% nos seus salários“, lê-se em comunicado.

Esta estratégia faz parte da visão e políticas globais de recursos humanos da Desigual, que, sob o conceito “Awesome Culture by Awesome People”, visa mostrar o seu compromisso com a saúde e bem-estar, sustentabilidade, igualdade, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e flexibilidade como as suas bases.

Semana de trabalho mais curta ganha adeptos

A companhia espanhola não é a única a tomar esta decisão. Na Irlanda, cerca de duas dezenas de empresas entraram num piloto para avançar com uma semana de quatro dias de trabalho, tendo a vizinha Escócia já avançado com um piloto para testar este modelo de trabalho.

Em Portugal, a unicórnio Feedzai, por exemplo, avançou com um piloto em agosto, iniciativa que conta repetir todos os anos no mesmo mês.

Medidas que as companhias estão a testar respondendo à vontade já revelada pelos colaboradores de modelos de trabalho mais flexíveis que permitam um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho

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