Rangel anuncia candidatura ao PSD para “vencer as legislativas de 2023”

Paulo Rangel confirma que vai candidatar-se à presidência do PSD. O objetivo é "vencer as próximas legislativas de 2023 com uma solução de Governo estável".

Paulo Rangel é oficialmente candidato à presidência do Partido Social-Democrata (PSD). No anúncio da candidatura em Lisboa, o atual eurodeputado do PSD diz ter as “condições para unir” o partido — o que, acrescentou, o diferencia da atual liderança –, promover o crescimento eleitoral dos social-democratas e “vencer as próximas legislativas de 2023 com uma solução de Governo estável”. Na calha traz duas promessas: propor o regresso dos debates quinzenais e desafiar António Costa a recandidatar-se.

Na sua declaração de candidatura, Rangel começou por fazer um retrato negativo do estado de Portugal, um “país pobre” que é “profundamente desigual” e onde o “elevador social só funciona para pessoas com capacidades excecionais”. O eurodeputado social-democrata diz que o país está preso num “imobilismo”, sem reformas estruturais, e admite que foram “duas décadas perdidas”: “Os portugueses vivem igual ou até pior em 2021 do que em 2000 ou 2001“, enquanto os “países de leste deram saltos económicos gigantescos”.

Paulo Rangel atribuiu essa evolução económica ao Partido Socialista “costista”, o qual diz ter uma “agenda ideológica, fundamentalista e radical” que está “refém da esquerda”. Por oposição, o PSD pode ser a “força que pode vencer o estado das coisas”, mudando a governação e colocando Portugal “na rota do crescimento acelerado”, criando “tanta riqueza que se possa resolver o problema da pobreza”. O social-democrata quer construir uma “alternativa mobilizadora” que será “inflexível na defesa da independência dos tribunais e na liberdade dos media” — temas em que Rio é criticado pelas opiniões polémicas — e que seja “libertadora” em vez de “liberal”, tendo sempre em conta a preocupação de “equidade social”.

Mas o eurodeputado não esgotou as críticas em Costa, atirando também a Rui Rio. Desde logo, atacou o líder do PSD por não ter sido capaz de agregar e unir as diferentes correntes do partido “nos últimos anos”. Pelo contrário, promoveu as fações e a tribalização, acusou, assumindo essa tarefa de união como a sua primeira tarefa caso seja eleito presidente do partido. “Esta candidatura é um espaço de diversidade, diálogo e unidade”, garantiu, indo do centro “ao limite intransponível da direita moderada” — subentende-se que o Chega fica de fora.

A crítica mais contundente foi ao estilo de oposição de Rio, começando por atacar a “política sistemática” de procura de acordo entre PSD e PS (ainda que “excecionalmente” sejam justificáveis), o que, argumenta, não ajudou a clarificar as alternativas políticas. “A oposição não foi nem visível nem eficaz“, classificou Rangel, mostrando o que fará se for eleito: uma “oposição responsável e credível” que não seja “ruidosa ou trauliteira”, mas que também não seja “ambígua, frouxa e quase silenciosa”.

E deu três casos concretos desta semana, com os quais teria feito uma oposição mais forte: o “caos” na saúde e nos hospitais, a abstenção do PSD na legislação do PS sobre as ordens profissionais e a afirmação mais rápida do voto contra a proposta do Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022): “O tempo em política conta muito“, disse. Caso seja eleito, pretende usar mais os instrumentos que existem no Parlamento para escrutinar o Governo, propondo o regresso dos debates quinzenais, os quais acabaram por acordo entre PS e PSD (de Rio).

A estratégia de Rangel passa por desgastar o PS em vez de esperar que o Governo se “afogue num pântano ou caia de podre”. O PSD “não pode estar eternamente a aguardar pelo desgaste total”, acrescentou, dando a entender que é essa a estratégia de Rio. “Com esta candidatura e este candidato, o PSD está de volta”, garantiu.

Confrontado com a hipótese de haver eleições antecipadas por causa do chumbo do OE2022 e de o PSD ainda não ter candidato a primeiro-ministro, Rangel diz que é “altamente improvável” que haja uma crise política, mas mesmo que exista essa é uma “questão artificial” uma vez que os “calendários estão acautelados”. O antecedente invocado pelo eurodeputado foram as eleições legislativas de 2002 em que se esperou que o PS elegesse um novo líder após a queda de António Guterres.

Se vencer as diretas no PSD, Paulo Rangel irá renunciar ao mandato de eurodeputado.

(Notícia atualizada às 18h09 com mais informação)

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