CEO da Galp admite que empresa geriu mal fecho de Matosinhos

O CEO da Galp, Andy Brown, insiste agora numa parceria com o Governo para evitar repetir um novo erro no processo de descarbonização da refinaria de Sines, que vai apresentar em breve.

O CEO da Galp, Andy Brown, admite que o encerramento da refinaria de Sines podia ter sido mais bem gerido pela petrolífera e arrepende-se dos empregos que se perderam num contexto de transição energética. Mas, simultaneamente, frisa que fechar Matosinhos era “inevitável” porque “já não era uma refinaria viável” economicamente.

“Foi uma decisão difícil. Perderam-se empregos, mas também foram recriados. Vamos continuar a pensar como queremos reaproveitar os trabalhadores e trabalhar a situação social”, disse o CEO.

Quanto ao futuro de Matosinhos, a Galp levanta já um pouco do véu. “É verdade que podíamos ter gerido Matosinhos de melhor forma. Mas o que estamos determinados a fazer é criar um futuro de que todos nos orgulhemos. Criamos um projetos que é o Matosinhos Future Hub, que está a analisar como podemos criar naquele espaço um centro completamente renovado, baseado em inovação. Queremos que seja um espaço de excelência, que aproveite a sua magnífica localização. Estamos a trabalhar com consultores e arquitetos para ver o que podemos fazer com aquelas terras para criar algo de que Portugal se orgulhe”, revelou o CEO.

No entanto, para evitar que o erro se repita, a Galp quer agora trabalhar em estreita parceria com o Governo para “salvar” a única refinaria que resta ao país. “O que é vital agora é que a Galp trabalhe com o Governo para a transição e o futuro de Sines”, disse o CEO da Galp num encontro com jornalistas à margem do Web Summit em Lisboa.

“No futuro, em 2030, teremos de descarbonizar Sines, o que significa passar para os biocombustíveis, para o hidrogénio e para combustíveis feitos de hidrogénio, ou seja, fechar a parte da refinaria que se dedica aos combustíveis fósseis. Isso tem de acontecer e o Governo tem de fazer parte, tem de querer criar um futuro para Sines, para evitar o que se passou em Matosinhos, onde estávamos a perder dinheiro há 15 anos. Perdemos 800 milhões de euros, entre 2005 e 2022. Não era uma refinaria viável. Temos de garantir que Sines se mantém viável, por Portugal, pelos empregos”, apelo Brown, deixando o recado ao Governo.

Deixando bem claro que isto vai “exigir uma parceria com o Governo”, a Galp já apresentou várias propostas a financiamento no âmbito do PRR, seja na área dos biocombustíveis ou na cadeia de valor das baterias de lítio, como o ECO/Capital Verde já avançou, tendo em conta o projeto conjunto com a Savannah Resources para construir uma refinaria de lítio em Portugal.

“O Governo é progressivo em relação ao que quer para as soluções de hidrogénio. Temos uma boa relação em termos ao que o futuro reserva para Sines”, disse Brown.

Na visão da Galp, neste momento há uma única refinaria, que é Sines, que produz todo o tipo de combustíveis líquidos, gasolina, diesel, jet fuel, combustível marítimo. “É uma refinaria estratégica para Portugal, que abastece os consumidores com os combustíveis para os carros que têm hoje. Mas tem de ser descarbonizada. Por que a UE está a exigir que o hidrogénio e os biocombustíveis estejam no mix em 2030, e a Galp está a responder e a criar um portefólio dessas fontes de energias zero CO2. Está a responder a isso. A mudança para a eletricidade limpa é uma coisa, a mudança para os combustíveis descarbonizados é outra. A Galp está a fazer os dois, mas a segunda é muito recente”, diz Andy Brown.

Para Sines, o plano da Galp passa por construir um grande negócio em volta do hidrogénio. A empresa é neste momento o maior consumir deste gás renovável, que produz a partir de gás natural. “Mas podemos passar a fazê-lo a partir de energia renovável, com eletrolisadores. Esse é o primeiro passo, descarbonizar o hidrogénio usado em Sines. Aí podemos fazer mais com esse hidrogénio verde: usá-lo para camiões, transportes pesados, para amónia ou metanol, novos combustíveis para a aviação e para os biocombustíveis”, revela o CEO

Já no próximo ano a Galp tem na calha para Sines um projeto que envolve a importação de óleo alimentares e gorduras animais para serem transformados em combustíveis sustentáveis para avião. “A descarbonização de Sines será por várias décadas”, diz Brown.

Quanto à cadeia de valor do lítio, esta é também uma das maiores apostas da Galp e Andy Brown promete novidades para muito breve, sobre as parcerias que tem com as empresas que têm acesso à matéria-prima e as empresas que constroem as baterias de lítio. A Galp quer ser a ponte. E quanto à localização da refinaria em Portugal? “Está ainda por ser decidido, diz Brown

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