Crise política vai prejudicar a economia em 2022, avisa Oxford Economics

A Oxford Economics reviu em baixa o crescimento do PIB português em 2022, de 5,2% para 4,5%, na sequência da crise política e antecipa uma menor execução dos fundos europeus.

A crise política em Portugal vai ter consequências na execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e no crescimento económico no próximo ano, de acordo com uma nota dos analistas da Oxford Economics divulgada esta sexta-feira. A consultora britânica reviu em baixa a expansão do PIB português em 2022 de 5,2% para 4,5%, o que contrasta com a previsão de 5,5% do Governo no Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022) que foi chumbado.

“Messy politics will dent 2022 growth”. É com este título que o economista Ricardo Amaro se refere à situação vivida em Portugal neste momento. O analista atribui a queda do Orçamento ao resultado das eleições autárquicas e antecipa que, ao contrário do que diz o Governo, haverá problemas na execução do PRR em 2022, o que deverá ter impacto nos estímulos à economia. Tal acontece não só pela governação em duodécimos mas também pelo “risco” de que um novo Governo decida renegociar o PRR atual, o que poderá colocar em causa o desembolso das próximas tranches.

A previsão da Oxford Economics para a execução do PRR em 2022 é de 2,5 mil milhões de euros, abaixo dos mais de três mil milhões previstos pelo Governo. Nos anos seguintes, em 2023 e 2024, a previsão da Oxford Economics é que a execução do PRR recupere o tempo perdido, até porque os prazos de execução impostos pelas regras europeias são curtos, o que será positivo para o crescimento desses anos.

Apesar de apelidar a crise política de “messy” (“confusa”), o analista reconhece que a resposta dos mercados até ao momento não tem sido preocupante. “Os juros das obrigações portuguesas a 10 anos aumentaram nos últimos dias, mas nada indica que Portugal esteja a ser discriminado [dado que] o aumento é semelhante ao que afeta outros países da periferia da Zona Euro”, explica.

Acresce que, segundo o analista, apesar de Portugal ter o terceiro maior rácio de dívida pública da Zona Euro, as “necessidades de financiamento para o resto de 2021 e 2022 parecem ser geríveis”. “Isto terá um efeito mitigador positivo caso os mercados [financeiros] fiquem mais nervosos [com a crise política em Portugal]”, antevê Ricardo Amaro.

Se em 2022 a economia portuguesa vai sofrer com a crise política, o mesmo não se aplica a 2021, de acordo com a Oxford Economics. Os analistas até admitem um crescimento maior do PIB, passando de 4,2% para 4,5% por causa do terceiro trimestre “ter sido mais forte do que o esperado”. Ainda assim, a previsão fica abaixo dos 4,8% esperados pelo Governo para este ano.

Sobre o resultado das eleições, o analista antevê um “Parlamento dividido, possivelmente levando a mais um Governo instável”, apesar de reconhecer que os socialistas têm uma “vantagem inicial neste momento”.

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