Das máscaras ao confinamento, Europa tenta travar nova vaga da Covid

Com a pandemia a agravar-se um pouco por todo o "Velho Continente", da Alemanha à Grécia, passando à Rússia, há vários países a endurecerem as medidas e a voltarem a decretar confinamentos.

A pandemia está a ganhar força na Europa e a chegada do Inverno volta a trazer uma preocupação adicional. Com o número de infeções e óbitos por Covid a subir um pouco por todo o “Velho Continente”, da Alemanha à Grécia, passando pela Rússia, há vários países a endurecerem as medidas e a voltarem a decretar confinamentos.

Depois do alerta feito há cerca de 15 dias, os alarmes voltaram a soar esta semana, com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a avisar que enfrentamos “um ponto crítico para a eclosão” da Covid e que a Europa “está mais uma vez no epicentro da pandemia”. As estimativas são claras: a manter-se este ritmo, “poderemos ver mais meio milhão de mortes por Covid-19 na região até fevereiro”, sublinhou Hans Kluge, diretor da OMS para a Europa.

Esta tendência é, aliás, sentida em Portugal, com a média semanal de novos casos a aumentar há quatro semanas consecutivas. Face a este cenário, a ministra da Saúde já veio alertar que a continuar a verificar-se este agravamento, Portugal pode atingir uma média de 1.300 casos por dia em meados deste mês. Apesar de a maioria da população portuguesa (86%) já estar vacinada contra a Covid, Marta Temido avisou que “novas medidas ou eventuais adaptações destas medidas far-se-ão se for necessário”.

Depois do leste europeu, esta nova vaga da pandemia está já a afetar vários países da Europa ocidental: a Alemanha está a bater recordes e Itália e Bélgica a registarem subidas significativas dos contágios. Mas, afinal, como estão estes países a preparar-se para esta nova vaga?

Na Alemanha, o ministro da Saúde instou os Estados federados a endurecerem as regras para os não vacinados em caso do surgimento de surtos, impedindo-os de entrar em determinados locais públicos ou exigindo um teste molecular (teste RT-PCR). Em território alemão, 66% da população está totalmente vacinada, contudo, um estudo recente revelou que a grande maioria dos adultos que ainda não receberam a vacina não tem intenção de fazê-lo.

A situação é semelhante na Grécia, que no dia em que bateu um novo recorde de casos diários (6.700 casos), o ministro da Saúde anunciou novas restrições para os não vacinados. Assim, a partir deste sábado, todos os trabalhadores não vacinados – exceto aqueles que trabalham exclusivamente a partir de casa – devem realizar dois testes Covid-19 por semana, escreve o The New York Times. Além disso, será também exigido um teste rápido ou PCR a pessoas não vacinadas que frequentem serviços públicos, bancos, lojas ou cabeleireiros. O mesmo se aplica a cafés e restaurantes, à exceção de espaços ao ar livre.

Por outro lado, e com o intuito de apelar a que mais cidadãos se vacinem, o governo grego está a enviar mensagens de telemóvel para os cidadãos não vacinados. “A nossa arma principal nesta fase da campanha é a vacina”, sublinhou o ministro da Saúde, citado pelo mesmo jornal. Atualmente, a Grécia tem 59,7% da população com a vacinação completa.

Mais dura foi a Holanda, que voltou a impor novas restrições, depois de ter registado um aumento de casos, que tocaram máximos desde julho. Nesse contexto, o governo holandês voltou a decretar o uso obrigatório de máscaras em vários espaços públicos, incluindo museus, cabeleireiros e outro tipo de serviços. Além disso, foi também pedido à população que volte a trabalhar a partir de casa metade do tempo. À semelhança da Grécia, estas medidas entram em vigor a partir deste sábado.

Também em Itália se regista um aumento das infeções, com o noroeste – zona onde se têm realizado os maiores protestos anti-vacinas – a registar o maior número de casos por Covid-19. Face a este cenário, em Trieste (nordeste do país), o presidente da Câmara emitiu esta semana uma portaria com o intuito de voltar a impor o distanciamento social e o uso obrigatório de máscara nas manifestações, segundo a Agência Lusa. Recorde-se que, a 15 de outubro, Itália passou a exigir a apresentação de certificado digital Covid a todos os trabalhadores do setor público e privado, sendo que a medida tem gerado vários protestos.

E no Leste da Europa?

Se o número de infeções começou a disparar nos últimos dias na Europa ocidental, no leste Europeu os sinais de preocupação já eram sentidos há algumas semanas. Na Hungria, o uso de máscara voltou a ser obrigatório nos transportes públicos a partir desta semana. Além disso, à semelhança de Itália, o governo liderado por Viktor Orbán tornou obrigatória a vacina contra a Covid para os trabalhadores do setor público e assinou um decreto a permitir que as empresas que as empresas obriguem os funcionários a receber a vacina como condição para manter o emprego.

Com baixas taxas de inoculação contra a Covid e a registarem consecutivos recordes de casos e mortes, os países de leste estão a tornar obrigatório o certificado digital, como meio de pressão para que a população se vacine. É o caso da República Checa que tornou obrigatório este documento para entrar em restaurantes, bares, discotecas, bem como outros espaços fechados, ou da Bulgária, cujo certificado é obrigatório em restaurantes, hotéis, cinemas, piscinas e centros comerciais.

Também a Roménia impôs esta obrigatoriedade para várias atividades do dia-a-dia, como ir ao ginásio, ao cinema ou a um centro comercial, mas foi mais longe decidindo impôr um toque de recolher obrigatório a partir das 22h, sendo que as lojas estão fechar às 21h e os bares e as discotecas estão encerrados. As máscaras também voltaram a ser obrigatórias em todos os locais públicos, de acordo com a Alljazeera.

Mais incisivo foi o Governo da Letónia que, a 20 de outubro, anunciou um confinamento de um mês, tornando-se no primeiro país da Europa a retomar as restrições mais apertadas. Entre as medidas impostas está o recolher obrigatório em todo o país, entre as 20h e as 5h, o encerramento das escolas bem como do comércio não essencial, noticiou o The Guardian.

Por fim, também a Rússia tem vindo a bater sucessivos recordes de infetados e mortes por Covid-19, pelo que as autoridades de Moscovo decidiram, a 28 de outubro, decretar um confinamento de 11 dias, tendo encerrado todos os serviços não essenciais, as escolas fecharam portas e os restaurantes foram instruídos a funcionar apenas em regime take away.

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