Dublin prepara-se para conflito comercial entre UE e Reino Unido

  • Lusa
  • 9 Novembro 2021

O governo irlandês decidiu “relançar os preparativos para um plano de emergência”, originalmente planeado para o caso de um ‘Brexit’ sem acordo.

O Governo irlandês anunciou esta terça-feira estar a preparar medidas de emergência para o caso de uma guerra comercial entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido, após os desacordos relacionados com as disposições pós-‘Brexit’ na Irlanda do Norte.

Londres exige uma renegociação em profundidade do protocolo da Irlanda do Norte, celebrado no âmbito do ‘Brexit’, que mantém a província britânica de facto no mercado único europeu, a fim de evitar o regresso de uma fronteira física com a República da Irlanda.

Bruxelas, por seu lado, recusa, propondo apenas ajustes, levando a que as negociações mantidas nas últimas semanas permaneçam paralisadas.

Na rádio irlandesa RTE, o vice-primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, anunciou que, numa reunião do Governo realizada segunda-feira, foi decidido “relançar os preparativos para um plano de emergência”, originalmente planeado para o caso de ‘Brexit’ sem acordo.

A ideia é preparar uma possível suspensão do acordo de comércio livre entre o Reino Unido e a União Europeia, que poderia surgir em caso de escalada e, em particular, se Londres cumprir a ameaça de desencadear o mecanismo de salvaguarda que permite que certas disposições do Protocolo da Irlanda do Norte sejam suspensas.

“Acho que ninguém quer ver a União Europeia suspender o acordo de comércio e cooperação com o Reino Unido, mas, se este último agisse e se retirasse do protocolo, do acordo de saída, acho que a UE não teria outra escolha que não a de introduzir medidas de reequilíbrio”, alertou.

O protocolo, em vigor desde o início do ano, mantém a província britânica na união aduaneira europeia e no mercado único, para evitar o regresso de uma fronteira física à ilha da Irlanda, o que poderia enfraquecer o acordo de paz de 1998 da Irlanda do Norte.

Londres exige a renegociação e, em particular, a abolição do direito de escrutínio do Tribunal de Justiça da UE e a sua substituição por uma “arbitragem internacional”, uma modificação inaceitável para os europeus.

As novas medidas previstas no protocolo interromperam o abastecimento da Irlanda do Norte e irritaram os unionistas que pretendiam permanecer no Reino Unido, revivendo as tensões na comunidade.

Desde segunda-feira, várias linhas de transporte público foram suspensas em Belfast e, nos últimos 10 dias, dois autocarros foram incendiados em bairros unionistas.

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