Fed acelera redução dos estímulos e vê três subidas de juros em 2022
Para conter a aceleração dos preços, banco central dos EUA vai ser mais agressivo na redução das compras de títulos. Autoridades preveem três subidas dos juros já no próximo ano.
A Reserva Federal norte-americana (Fed) prevê aumentar a taxa de juro de referência três vezes durante o próximo ano, enquanto acelera redução dos estímulos lançados para combater a pandemia, com as autoridades monetárias a assumirem agora uma postura muito mais agressiva do que assumiam há meses para controlar a inflação.
O banco central dos EUA vai passar a comprar 60 mil milhões de dólares em obrigações por mês a partir de janeiro, no âmbito do programa de compras de emergência, o que representará um corte de 30 mil milhões em relação às compras de dezembro — o dobro dos 15 mil milhões que havia anunciado em novembro. O próximo ano trará mais cortes nas compras.
Assim que terminar o programa, que deverá acontecer em março, a Fed começará a subir as taxas de juro, que foram mantidas em mínimos históricos — entre 0% e 0,25% — na reunião de dois dias que terminou esta quarta-feira. Os membros do comité da Fed projetam três aumentos das taxas no próximo ano, que serão acompanhados de três ajustamentos em 2023 e outros dois em 2024. Jerome Powell assegurou aos jornalistas que a Fed apenas começará a aumentar os juros assim que o programa terminar.
Se estas perspetivas se concretizarem, nos próximos três anos, a Fed deverá subir os juros por oito ocasiões, de acordo com as projeções do chamado “dot-plot” — que reúne as previsões de cada membro da Fed para aquilo que será a trajetória das taxas.
A inversão abrupta na política monetária visa responder às preocupações com a escalada dos preços, que será mais persistente do que inicialmente previsto, e numa altura em que o mercado de trabalho continua a dar sinais de robustez. As autoridades preveem que a inflação atinja os 2,6% no próximo ano, em comparação com os 2,2% projetados em setembro, e a taxa de desemprego recue para 4,3%.
“Os desequilíbrios de oferta e procura relacionados com pandemia e com reabertura da economia continuaram a contribuir para níveis elevados de inflação”, disse o presidente da Fed, Jerome Powell, em conferência de imprensa, após a reunião de dois dias.
“Esses problemas têm sido maiores e mais duradouros do que o previsto, agravados pelas vagas da pandemia. Como resultado, a inflação geral está bem acima de nossa meta de 2% no longo prazo e provavelmente continuará assim no próximo ano”, admitiu ainda.
O timing da primeira subida do ano deverá depender também da evolução do mercado laboral, considerou a Fed, que perspetiva melhorias nos próximos meses.
Por outro lado, o outlook para o crescimento económico foi revisto em baixa, mas sem comprometer a retoma ou colocar em causa a normalização da política monetária. A maior economia do mundo deverá crescer 5,5% em 2021, em vez de 5,9% (como era antecipado em setembro) e avançar outros 4% no próximo ano, embora a Fed tenha alertado para o facto de as novas variantes do coronavírus representarem um risco para o andamento da economia.
A menos de uma hora do fecho, Wall Street seguia em forte alta, depois de um arranque no vermelho, com o S&P 500 a somar 1,38% e o tecnológico Nasdaq a ganhar 1,83%. O Dow Jones avança 0,95%.
(Notícia atualizada às 20h32)
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