Primeira fatura da luz de 2022 vai descer 3,4% no regulado. No mercado livre a tendência é de subida

No entanto, quem está no mercado regulado já passou em 2021 por duas subidas de preços de 3%, o que resulta numa variação de +0,2% nos preços de venda da eletricidade a estes consumidores.

De acordo com as tarifas de eletricidade para 2022 apresentadas esta quarta-feira, 15 de dezembro, pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, em janeiro as cerca de 933 mil famílias (mais ou menos 5% do consumo total), que ainda estão no mercado regulado e ainda são abastecidas pelo comercializador de último recurso, SU Eletricidade, vão ter uma “espécie” de prenda de Natal atrasada.

Isto porque na primeira fatura da luz do ano já vão notar uma descida de 3,4% em relação aos preços em vigor no final de 2021 (outubro a dezembro).

Aos consumidores de energia vai saber bem, mas é preciso não esquecer que quem está no mercado regulado passou por duas subidas de preços de 3% na fatura em 2021, em julho e em outubro, o que contabilizando o ano todo, acabe por resultar numa variação de +0,2% nos preços de venda da eletricidade a clientes finais no mercado regulado.

De acordo com a ERSE, este aumento de 0,2% em janeiro de 2022 diz respeito “ao preço médio do ano 2021, que integra a revisão em alta da tarifa de energia em julho e outubro de 2021”.

Isto porquê? Ao longo de 2021 (ano completamente atípico nos mercados energéticos), e em virtude da contínua escala de preços no mercado ibérico grossista (Mibel) a ERSE viu-se obrigada a aumentar os preços no mercado regulado por duas vezes (algo nunca visto), em julho e outubro (mais 5€/MWh em cada uma das situações. o que equivaleu a mais 3% em média nas faturas).

No final das contas, este ano de 2021, que começou com uma descida tarifária ditada pela ERSE no mercado regulado de -0,6%, vai então terminar (por força de circunstâncias extraordinárias) com uma subida +1,6% de 2020 para 2021, isto depois das atualizações de julho e de outubro aponta o regulador. É então face a estes +1,6% que a ERSE calculou o aumento de 0,2% para 2022.

No entanto, olhando apenas para as faturas entre outubro de dezembro de 2021, após a última subida de tarifas da ERSE, e tendo em conta a “brutal” descida nas tarifas de acesso às redes em todas as tensões (baixa, média, alta e muito alta), o regulador já dá então conta de que “em janeiro de 2022 os consumidores vão observar uma redução de 3,4% em relação aos preços em vigor em dezembro de 2021”.

Apesar de parecerem díspares, ambas as leituras estão certas, garante a ERSE ao ECO.

EDP e Galp não aumentaram preços em 2021, mas vão subir faturas já em janeiro de 2022

A EDP Comercial já comunicou aos seus clientes que as tarifas de eletricidade vão subir em média 2,4% em 2022, o que corresponde a um acréscimo na fatura das famílias de cerca de 90 cêntimos por mês, refletindo a subida dos custos da energia.

“A EDP Comercial vai fazer uma atualização média de 2,4%, em linha com mercado regulado, a partir de 1 de janeiro. Esta atualização traduz-se numa variação média de 90 cêntimos por mês”, disse à Lusa a presidente da EDP Comercial, Vera Pinto Pereira, referindo que este aumento acontece “num contexto de subida relevante dos preços de energia no mercado grossista”.

A intenção é manter as tarifas “ao longo de todo o ano de 2022”, adiantou a gestora, realçando que “a EDP Comercial dá assim continuidade à estratégia de estabilidade de preços que permitiu manter inalterados os preços dos clientes também em 2021, quando o mercado de energia atingiu valores recorde”.

A EDP Comercial é o principal operador no mercado livre de eletricidade, com uma quota de mercado 74,3% em número de clientes, e de 41,7% em consumo abastecido, segundo os últimos dados divulgados pelo regulador, relativos a junho.

Em junho de 2021, o mercado livre representava cerca de 85% do número total de clientes e cerca de 95% do consumo em Portugal Continental, exibindo um aumento de 1,2 pontos percentuais e de 0,3 pontos percentuais, respetivamente, relativamente ao peso relativo do mês homólogo.

Na nota enviada aos clientes, a EDP Comercial refere a atualização da tarifa, a partir de 1 de janeiro, com a “subida continuada do custo de aquisição da energia elétrica e da atual previsão de variação das tarifas de acesso às redes a definir pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos [ERSE] para 2022”.

Já a Galp vai aumentar os preços da eletricidade a partir de 1 de janeiro. Uma subida que rondará os 2,7 euros mensais para as potências contratadas mais representativas.

“A partir do próximo dia 1 de janeiro, os preços finais da eletricidade e do gás natural da Galp serão atualizados […]. Para as potências contratadas mais representativas, o aumento mensal na fatura da eletricidade para os clientes da Galp, rondará, em média, os 2,7 euros”, disse fonte oficial da Galp, em resposta à Lusa.

Segundo a mesma fonte, no caso da eletricidade, o preço reflete o “aumento do custo de aquisição de energia, bem como a previsão de redução das tarifas de acesso às redes, anunciada pela ERSE [Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos] para 2022”, enquanto o aumento do preço do gás natural também se deve ao custo de compra, “em linha com a evolução do preço deste produto no mercado internacional”.

Apesar de reconhecer o impacto do contexto do mercado na fatura dos seus clientes, a petrolífera notou que a sua oferta integrada permite “níveis de poupança mensais que ultrapassam largamente os aumentos agora anunciados”.

Conforme exemplificou, os clientes com a oferta integrada de gás e eletricidade com potências/escalões mais representativos podem poupar mensalmente 21 euros, em função do consumo anual de combustível.

Iberdrola e Endesa aumentaram preços em 2021 para novos clientes

Por sua vez, a Iberdrola anunciou que vai baixar os preços da eletricidade que vende no mercado liberalizado em 2022. A empresa espanhola conseguirá contas da luz mais baixas para os clientes unicamente por via da grande redução das tarifas de acesso às redes (uma componente importante da fatura final) decididas pela ERSE, que entrarão em vigor para todos os consumidores a 1 de janeiro de 2022.

“A Iberdrola informa que todos os seus clientes, sem exceção, poderão beneficiar a partir de 1 de janeiro das previstas reduções das tarifas de acesso já comunicadas pela ERSE no dia 15 do mês passado”, disse ao ECO fonte oficial da elétrica, acrescentando que o aviso final da redução será comunicado aos clientes “assim que sejam publicados os valores oficiais” pela entidade reguladora, em 15 de dezembro.

Em linhas gerais, a Iberdrola prevê descer os preços da eletricidade para “todos os seus clientes” através da aplicação das novas tarifas de acesso às redes, que têm um grande peso no valor final da fatura. Para 2022 o regulador propõe descidas na tarifa de acesso às redes que vão desde os -94% na média, alta e muito alta tensão, passando por -65,6% na baixa tensão especial e -52,2% na baixa tensão normal.

Na prática, segundo a ERSE, só isto “contribui para uma diminuição de cerca de -35%, em termos médios, na fatura final dos consumidores do mercado liberalizado”.

Já depois da publicação desta notícia, fonte oficial da Iberdrola prestou esclarecimentos adicionais, afirmando que em 2021 “para renovações contratuais e novos contratos, casos houve onde se verificaram ajustes que refletem apenas a pressão verificada nos mercados grossistas”. No entanto, garante, “não houve qualquer aumento para a carteira em período contratual”.

Durante este ano, a Iberdrola foi a primeira comercializadora a admitir que, mantendo-se o cenário de elevada pressão nos preços grossistas, teria de “refletir, na menor medida possível, ajustes mediante uma revisão de valores”. Uma subida de preços que também foi admitida pela Endesa na mesma altura.

Ao ECO, fonte da Endesa confirmou também depois da publicação da notícia que, à semelhança da Iberdrola, manteve inalterados os preços dos contratos que já estavam em vigor, mas aumentou os preços para os novos contratos.

Apesar de ter dito que mantém os preços em 2022, o mesmo acabará por acontecer com a Endesa, que respondeu ao ECO que qualquer “revisão será definida em conformidade com a evolução dos mercados”. Para famílias e pequenos negócios, a elétrica espanhola irá manter os preços na atual carteira de clientes, a partir 1 de janeiro mas também estes acabarão acabarão por sentir uma descida nas faturas por via das tarifas de acesso às redes.

Uma novidade que a Endesa traz do país vizinho é a possibilidade de “contratar a Tarifa Tranquilidade, para ter um preço estável, durante 5 anos” no segmento residencial”.

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