Fim das moratórias? “Sentimento geral é bastante positivo, dentro da cautela”, diz Centeno

Bancos transmitiram ao supervisor que o risco de incumprimento com o fim das moratórias se encontra "mais controlado que o esperado inicialmente". Mas BdP alerta que o impacto pode não ser imediato.

O fim das moratórias de crédito e o risco de incumprimento dos clientes bancários estão “mais controlados do que o inicialmente esperado”, isto apesar de se manter a incerteza com a evolução da pandemia e de haver um desfasamento entre a evolução da crise sanitária e a materialização dos riscos, adiantou o Banco de Portugal esta segunda-feira.

Em conferência de imprensa de apresentação do Relatório da Estabilidade Financeira, o governador Mário Centeno falou mesmo num “sentimento generalizado bastante positivo, dentro da cautela”, não se antecipando, “de forma imediata”, problemas significativos para os bancos.

O relatório divulgado esta segunda-feira aponta no mesmo sentido. “A informação recolhida junto das principais instituições bancárias sugere que os riscos de incumprimento se encontram mais controlados do que o inicialmente esperado, apesar da incerteza que ainda existe”, refere o documento do Banco de Portugal.

Segundo o supervisor, o setor dos particulares demonstrou mais resiliência na saída das moratórias, enquanto as empresas, sobretudo aquelas dos setores mais vulneráveis como o turismo, poderão apresentar “mais dificuldades com o retomar do serviço da dívida”.

Apesar das indicações positivas que recebeu do setor, Mário Centeno também reconheceu que “há um desfasamento entre o fim das moratórias e potenciais efeitos na qualidade creditícia”. Isto é, eventuais consequências do fim das moratórias – as últimas terminam no final do ano – em termos de subida do crédito malparado só poderão ser visíveis mais lá para a frente.

O que leva o Banco de Portugal a ressalvar que “os dados disponíveis não permitem ainda determinar o impacto do final da moratória na qualidade dos ativos do sistema bancário”.

Para já, os indicadores de qualidade de crédito dos bancos apontam no sentido de alguma deterioração. “Mas o aumento é contido”, relativizou o governador, frisando, uma vez mais, que “o processo de reconhecimento de dificuldades segue os timings normais” e “não é um facto imediato”.

Sobre este ponto, a informação preliminar recolhida pelo banco central junto dos supervisionados “não sugere uma deterioração significativa da qualidade dos empréstimos que beneficiaram de moratória”, com a entidade de supervisão a avisar, porém, que “a monitorização do risco de crédito requer uma abordagem proativa por parte dos bancos na definição de soluções de recuperação dos mutuários viáveis e, nas situações de não viabilidade, o reconhecimento atempado das perdas”. Centeno manifestou alguma tranquilidade em relação aos níveis de imparidade dos bancos.

A moratória pública terminou em setembro de 2021 para a maioria dos empréstimos, mas ainda há moratórias que só terminarão no dia 31 de dezembro.

No final de outubro ainda estavam ativas moratórias de crédito no valor de 3,2 mil milhões de euros.

(Notícia atualizada às 13h15)

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