Liquidação de fundo imobiliário do GES dá mais 8,5 milhões ao Novobanco

Os 58 milhões de euros emprestados pelo BES ao Invesfundo III não estão totalmente perdidos. Insolvência do fundo já rendeu 25,5 milhões ao Novobanco, ajudando a "tapar" buraco.

Dificilmente o Novobanco vai conseguir recuperar os 58 milhões de euros que o BES emprestou ao Invesfundo III para desenvolver um megaprojeto imobiliário em Gaia há cerca de uma década. Ainda assim, nem tudo está perdido. A liquidação deste fundo do Grupo Espírito Santo (GES) continua a dar resultados com a venda dos terrenos onde ia nascer o empreendimento. E em semana de Natal chegou uma prenda antecipada a António Ramalho: o administrador de insolvência do fundo quer pagar mais 8,5 milhões ao banco.

Este pagamento elevará assim para 25,5 milhões de euros o dinheiro já recuperado pelo Novobanco no processo de insolvência do Invesfundo III, ou seja, o banco “tapará” 43% do buraco gerado pelo terceiro dos Invesfundo criados pelo BES na década de 2000 para apostar no imobiliário. São nove ao todo.

O Invesfundo III foi criado em 2006 com o objetivo de avançar com um projeto imobiliário em Vila Nova de Gaia, o Douro Atlantic Garden, promovido pela Espírito Santo Property e financiado a 100% pelo BES.

O projeto foi anunciado em 2013, mas nunca saiu efetivamente do papel. Nem teve muito tempo, na verdade. No ano seguinte ao anúncio da obra, deu-se a queda do BES, com a medida de resolução aplicada pelo Banco de Portugal no verão de 2014, e o fundo imobiliário foi arrastado até entrar em processo de insolvência em 2019.

Desde essa altura, o administrador de insolvência tem vindo a alienar os ativos imobiliários do fundo e a entregar as verbas aos credores, do qual se destaca o Novobanco, sendo que a lista conta ainda com a Autoridade Tributária e a Gesfimo, a gestora dos fundos imobiliários do GES, que reclamam um total de 200 mil euros.

Com a liquidação ainda em curso, o gestor do processo, Bruno Costa Pereira, dá conta de que espera receber mais de sete milhões de euros por conta de mais vendas de imobiliário. O que a acontecer, e se o dinheiro reverter na totalidade para o Novobanco, permitirá recuperar mais de metade dos 58 milhões emprestados pelo BES. O banco fica com 25 milhões por recuperar.

De acordo com Bruno Costa Pereira, já foram liquidadas um total de 32 verbas, as quais totalizam entradas de 25,6 milhões de euros. Outras quatro verbas aguardavam a assinatura do contrato de compra e venda, tendo a massa insolvente já recebido 874 mil euros em sinais, ficando a faltar 5,3 milhões.

Duas verbas ainda estavam por vender, devido à falta de interesse do mercado em lotes que estão destinados para comércio e serviços. O administrador de insolvência já tentou por quatro vezes vender estes lotes, ou não recebeu propostas ou as ofertas apresentadas tinham valores muito reduzidos face à avaliação, como aconteceu na última diligência.

Bruno Costa Pereira indica ainda que o Novobanco reclama mais 300 mil euros, além dos 58 milhões já reconhecidos. Também o Fisco peticiona que lhe seja reconhecido um crédito adicional de 111,5 mil euros. O administrador de insolvência diz ter cerca de 860 mil euros na esfera da massa insolvente que poderá pagar estes créditos.

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