Inflação em Espanha acaba o ano em máximos de quase 30 anos

  • Joana Abrantes Gomes
  • 30 Dezembro 2021

Devido à subida dos preços da eletricidade e dos alimentos, a inflação em Espanha termina 2021 em 6,7%, depois de subir 1,2 pontos percentuais face a novembro.

A inflação em Espanha acelerou 1,2 pontos percentuais em dezembro e termina o ano de 2021 em 6,7%, o valor mais alto desde março de 1992, ano em que se realizou a Expo de Sevilha e os Jogos Olímpicos de Barcelona. Segundo a estimativa rápida do Instituto de Estatística espanhol (INE), a subida dos preços da eletricidade e dos alimentos motivou o disparar da inflação.

O preço da eletricidade foi o grande responsável pela aceleração da inflação, depois de os preços grossistas terem registado valores acima dos 300 megawatts por hora (MWh) durante vários dias deste mês, bastante acima dos registados há exatamente um ano. Tendo chegado a atingir 400 euros, dezembro de 2021 encerra como o mês mais caro de toda a série histórica, superando o valor registado em outubro (199,9 euros/MWh).

Fonte: INE

Em menor medida, a subida dos preços dos alimentos também pesou, em comparação com o decréscimo registado em 2020, revela o INE espanhol. Os alimentos e as bebidas não alcoólicas tiveram uma subida do preço anual de 4,9%, sendo que, quando divididos entre alimentos não processados e alimentos processados, o aumento anual registado foi, respetivamente, 6,5% e 3,5%.

Por outro lado, os dados preliminares também revelam uma descida nos preços dos combustíveis para veículos pessoais, depois de terem sofrido um aumento no ano passado.

Mas se inicialmente se apontava para o facto de a inflação ser temporária e estar apenas relacionada com a subida dos preços dos combustíveis, a inflação subjacente (sem alimentos e sem produtos energéticos) começa a apontar em sentido contrário já que também aumento quatro décimas para 2,1%, o valor mais alto desde março de 2013. Ganham assim força os receios de que o Banco Central Europeu possa vir a aumentar os juros mais cedo do que se espera. Christine Lagarde já reconheceu que a taxa de inflação será mais elevada nos próximos anos, e anunciou um abrandamento no ritmo de compras de dívida pública nos mercados, um primeiro passo na mudança da política monetária na zona euro.

O INE revela ainda que os bens ligados à pandemia, tais como máscaras e testes para detetar a Covid-19, aumentaram em termos anuais 3,9%, enquanto os serviços deram um salto de 18,3%.

Embora a taxa anual de inflação seja a mais elevada em quase três décadas, este não é o aumento mensal mais forte do ano, já que, em outubro, o IPC subiu 1,5 pontos percentuais. Mas, também é preciso recuar a dezembro de 1983 para encontrar uma taxa de inflação mensal em dezembro tão elevada.

Esta primeira estimativa ainda não detalha a contribuição para os preços de cada categoria, o que só acontecerá em 14 de janeiro, quando o INE disponibilizar os primeiros dados consolidados.

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