Larry Fink defende “capitalismo de stakeholders”, que diz não ser “woke”

O CEO da gestora de fundos Blackrock defendeu o capitalismo de stakeholders enquanto uma questão de capitalismo a trabalhar para todas as partes interessadas, e não uma agenda política ou social.

Larry Fink, líder da BlackRock, que gere ativos avaliados em mais de 10 biliões de dólares, defendeu esta terça-feira que o capitalismo de stakeholders não é uma questão política, não tem uma agenda social ou ideológica, nem é “woke”, escreveu na carta que dirige anualmente aos presidentes executivos.

Na missiva, Fink explica que o capitalismo de stakeholders é impulsionado pela “relação benéfica” entre o CEO e “os funcionários, clientes, fornecedores e comunidades” dos quais a empresa depende para prosperar. É o capitalismo a trabalhar para todas as partes interessadas, pode ler-se, ao invés de só para os acionistas.

A carta aberta surge em resposta a acusações da gestora usar a sua influência para incentivar uma agenda progressista e “woke” – termo comummente usado nos EUA para apelidar pessoas conscientes e muito empenhadas em questões de justiça social. Nos últimos anos, a gestora foi também criticada por políticos conservadores, empresários e ativistas, por apoiar o investimento segundo critérios ESG (isto é, com base em padrões ambientais, sociais e de boa governação).

Fink sublinha a necessidade de o CEO criar valor não só para os seus acionistas, mas para toda as partes interessadas da cadeia de valor, a fim de criar valor a longo prazo. Este valor a longo prazo, entende Fink, é a medida pela qual os mercados vão determinar o sucesso da empresa, alertando para a possibilidade de as empresas ficarem para trás se não adotarem práticas sustentáveis.

Entre os temas abordados, Fink esclareceu ainda a posição da Blackrock em relação às empresas ligadas aos combustíveis fósseis, alegando que desinvestir nestes setores, ou a sua simples transição dos mercados de capitais para private equity não irá fazer o mundo chegar à neutralidade carbónica. Assim, “por regra”, a BlackRock não procura desinvestir de empresas petrolíferas ou de gás.

“Focamo-nos na sustentabilidade não porque somos ambientalistas, mas porque somos capitalistas e fiduciários para os nossos clientes”, escreve Fink. O responsável alega ainda que não são apenas as startups a poder gerar disrupção e novas indústrias, mas também as empresas já estabelecidas o podem e devem fazer. Fink fala ainda do dever de governos e empresas continuarem a assegurar o acesso a energia fiável e a preços acessíveis.

Fink apelou às empresas para se tornarem mais apelativas para os seus funcionários em função do atual contexto do mercado de trabalho. “Trabalhadores a exigirem mais dos seus empregadores é uma característica essencial do capitalismo eficaz”, escreveu o gestor. Segundo os dados da BlackRock, as empresas que criaram mais e melhores ambientes inovadores para os seus trabalhadores registaram níveis mais baixos de rotatividade e retornos mais elevados durante a pandemia.

O gestor aproveitou, por fim, a oportunidade para anunciar o lançamento do Centre for Stakeholder Capitalism da BlackRock, de modo a criar um “fórum” para a investigação, diálogo, e debate, para aprofundar a relação entre o envolvimento das partes interessadas, e o valor acionista. Fink expressa que a convicção é de que as empresas têm um melhor desempenho quando refletem e têm assente qual o seu papel na sociedade, e agem no interesse de todos os stakeholders.

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