Rio acusa PS de fazer “campanha negra”. Costa diz que PSD ficará dependente da extrema-direita
As sondagens sugerem uma disputa renhida entre PS e PSD e o discurso agrava-se na reta final da campanha. O PS acusa o PSD de ficar dependente do Chega. O PSD acusa o PS de fazer "campanha negra".
Depois de humor e animais no início da campanha, os dois principais partidos trazem má disposição para a reta final da disputa eleitoral. Os socialistas têm acusado os social-democratas de terem um programa “escondido” na área da saúde, Segurança Social, Justiça, salário mínimo e política de alianças pós-eleições. Com essa retórica a intensificar-se com a aproximação nas sondagens, o PSD passou ao ataque, acusando o PS de fazer uma “campanha negra”.
Além de abandonar o pedido de maioria absoluta, António Costa tem também intensificado o ataque ao PSD ao dizer que “há gato” (referência a Zé Albino, gato de Rio) no programa eleitoral do seu opositor. Como já tinha dito no debate com Rui Rio, o atual primeiro-ministro tem repetido que o social-democrata é contra a subida do salário mínimo e o aumento das pensões (e que Rio quer capitalizar a Segurança Social), que quer tornar o SNS “tendencialmente pago” (em vez de gratuito) e controlar politicamente os tribunais. Mas a crítica mais usada tem sido a de que um futuro Governo PSD ficará dependente da extrema-direita (leia-se, o Chega).
Ainda esta quarta-feira, em declarações à RTP, António Costa repetiu que os portugueses têm de conhecer o “real programa” do PSD e que a existir um Governo social-democrata este ficará “dependente pela primeira vez da extrema-direita”. Já o PS “é o único com soluções que não ficam reféns da extrema-direita”, tendo até dito em entrevista à CNN esta terça-feira que é um “orgulho” ser “o inimigo principal do Chega”.
Rui Rio tem classificado estas afirmações do PS de mentiras, mas perante o ataque mais cerrado dos socialistas reagiu no Twitter: “É compreensível que o PSD seja criticado à direita e à esquerda, mas no caso dos ataques do PS é vergonhosa a forma como monta uma campanha negra, deturpando as propostas do PSD, truncando as minhas afirmações e procurando incutir o medo e a confusão”, escreveu, assinalando que o nível do PS “é muito baixo”.
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Esta terça-feira o presidente do PSD disse que a probabilidade dos social-democratas ganharem no domingo, 30 de janeiro, é “francamente maior” do que a do PS e que é isso que provoca este ataque do PS: “O doutor António Costa está a ver o terreno a fugir-lhe. Estamos a crescer claramente e a probabilidade de ganharmos é elevada. Mas ele pode terminar tudo isto com alguma dignidade, [mas] a mentir sobre o que os outros dizem não é com alguma dignidade“, afirmou.
Nas últimas semanas, Rio tem dito que não fará negociações nem acordos com o Chega, mas deu a entender que poderá fazer o que muitos à direita disseram que deveria ter sido a estratégia nos Açores (onde já existe um acordo formal parlamentar com o Chega): apresentar o programa do Governo e, caso haja uma moção de censura, deixar ao critério do Chega viabilizar ou não um Governo PSD.
Primeiro-ministro diz que não citou INE no PIB
Citado pelo Observador, numa ação de campanha em Fafe, António Costa esclareceu que os 4,6% de crescimento do PIB no ano passado que referiu esta terça-feira são os números com que o Governo trabalha. “Não citei INE nenhum, disse quais são as previsões que existem e com que temos estado a trabalhar”, esclareceu, alegando que tem utilizado este número “várias vezes desde o início da campanha”.
Porém, a previsão oficial do Governo e que foi reafirmada pelo ministro das Finanças ainda na semana passada é de um crescimento de 4,8% em 2021.
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