2021 acaba com exportações de bens 6% acima do nível pré-Covid

Com o comércio internacional em retoma, o crescimento das exportações portuguesas de bens em 2021 foi suficiente não só para recuperar o valor perdido em 2020, mas também para superar o de 2019.

As exportações de bens cresceram 18,1% e as importações de bens aumentaram 21,1% em 2021, após uma queda de, respetivamente, 10,3% e 14,8% em 2020, por causa da crise pandémica. Esta dinâmica levou à deterioração da balança comercial de bens, depois da melhoria registada em 2020.

Com a retoma do comércio internacional em andamento, a recuperação registada no ano passado foi suficiente para se alcançarem e superarem os níveis de 2019: as exportações fecharam o ano passado 6% acima do nível pré-pandemia e as importações ficaram 3,2% acima, revelam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgado esta quarta-feira.

O défice da balança comercial de bens aumentou 4.653 milhões de euros para 19.041 milhões de euros, revertendo quase toda a redução registada em 2020. Ainda assim, o défice comercial está abaixo dos 20.074 milhões de euros registados em 2019.

Na comparação entre 2021 e 2019, o INE salienta, tanto no caso das exportações de bens como no das importações de bens, o acréscimo nos fornecimentos industriais, cujas exportações estão 14,1% acima do nível pré-pandemia, e o decréscimo no material de transporte (incluindo automóveis), cujas exportações continuam 10,1% abaixo de 2019.

Porém, é de realçar que esta recuperação “resulta em parte da variação de preços”, como reconhece o gabinete de estatísticas, uma vez que os valores nominais das exportações e importações não descontam essa variação, a qual foi expressiva em diversas categorias em bens em 2021, principalmente nos produtos petrolíferos.

Excluindo combustíveis e lubrificantes, as exportações de bens e as importações de bens registam um crescimento de 16,7% e 17,4% face a 2020 e de 6,3% e 3% face a 2019. Nesta ótica, o défice da balança comercial aumenta menos de metade, em 2.275 milhões de euros, para 13.212 milhões de euros, o que mostra a importância da compra de combustíveis ao exterior para este desequilíbrio externo do país.

É de realçar que estes números referem-se apenas às exportações de bens e não às de serviços, onde se inclui o turismo. Os dados das exportações de serviços são divulgados pelo Banco de Portugal e, para já, ainda não recuperaram face ao nível pré-pandemia, apesar de estarem em crescimento face a 2020.

Exportações de bens acabam 2021 em alta

Os números do INE também mostram que as exportações de bens acabaram 2021 em alta. Isolando apenas o mês de dezembro, as exportações e as importações de bens cresceram 23,4% e 34,7%, respetivamente, acelerando face a novembro. Em comparação com dezembro de 2019, o nível já é 14,5% e 27,7% superior, respetivamente.

“Destacam-se os acréscimos nas exportações e importações de Fornecimentos industriais (+35,3% e +49,6%; +41,0% e +58,6% face a 2019, respetivamente) e nas importações de Combustíveis e lubrificantes (+111,8%; +40,0% face a 2019)”, detalha o gabinete de estatísticas, referindo também que o défice comercial aumentou 982 milhões de euros em termos homólogos para 2.430 milhões de euros.

Agregando os últimos três meses do ano, o quarto trimestre, as exportações e as importações de bens cresceram 13,2% e 28,7%, respetivamente, face a 2020, e 9,7% e 16,5% face a 2019. “Estes resultados reveem as taxas de variação homóloga do quarto trimestre de 2021, apresentadas na estimativa rápida trimestral, em +0,5 pontos percentuais nas exportações e +2,2 p.p. nas importações, refletindo a inclusão de nova informação designadamente relacionada com trabalho por encomenda”, explica o INE.

Empresas que recorrem ao sourcing são mais resilientes

O INE aproveita este destaque para fazer uma análise às empresas que recorrem a sourcing, com base nos resultados do Inquérito ao Sourcing Internacional e Cadeias de Valor Globais. Em causa está a “deslocação total ou parcial de atividades até então levadas a cabo pela empresa residente, quer constituam o seu core business ou funcionem como suporte ao respetivo negócio, para outras empresas localizadas no estrangeiro e com as quais a empresa tenha ou não relações”.

A análise do gabinete de estatísticas conclui que as empresas que recorreram aos sourcing internacional apresentam uma maior resiliência, em comparação com empresas que não recorrem a esse método, quer em termos de exportações quer de importações de bens, com variações menos negativas em 2020 e uma maior recuperação em 2021, face aos níveis de 2019.

Porém, apenas uma minoria das empresas que exporta ou importa o faz: segundo o INE, as empresas com sourcing internacional representaram 3,4% do total das exportações e 2,7% do total das importações nacionais entre 2019 e 2021.

“Em relação aos países parceiros das exportações, verifica-se que em 2021 os três principais clientes das empresas com Sourcing internacional e das restantes empresas foram os mesmos – Espanha, França e Alemanha”, explica o INE, notando também a importância de Marrocos para as empresas que recorrem a sourcing. Acresce que “os cinco principais parceiros apresentaram uma maior preponderância nas empresas com sourcing internacional do que no conjunto das restantes empresas (64,5% e 61,5%, respetivamente)”.

(Notícia atualizada às 11h50 com mais informação)

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