Centeno admite estagflação na Zona Euro após ataque russo

Governador do Banco de Portugal admite que a economia da Zona Euro poderá entrar numa situação de estagnação e de altas taxas de inflação, na sequência do ataque militar da Rússia na Ucrânia.

Mário Centeno diz que o risco de estagflação na Zona Euro — onde a economia estagnaria e observaria, ao mesmo tempo, altas taxas de inflação — não está posto de lado, na sequência do ataque militar da Rússia na Ucrânia.

“Estou convencido de que prevalecerá a tração de crescimento que a economia vinha seguindo”, disse o governador do Banco de Portugal e membro do conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE), em entrevista à agência Bloomberg (acesso pago). Ainda assim, “um cenário próximo da estagflação não está fora das possibilidades que podemos enfrentar. Então, precisamos de ajustar nossas políticas a isso”, acrescentou.

Centeno diz que é favorável à “normalização” da política monetária que vários responsáveis do BCE já sinalizaram nas últimas semanas, mas reconhece que o impacto da guerra na Ucrânia cria enorme incerteza em relação às próximas decisões do banco central, que se reúne já no próximo dia 10 de março.

O banco central tem estado sob pressão para apertar a política monetária para travar a escalada dos preços na região da moeda única, que regista uma inflação de mais de 5%, um máximo histórico. De alguma forma, esse caminho já vinha sendo feito, nomeadamente na retirada do programa de compra de títulos. Mas o conflito desencadeado na semana passada “complicou” a tarefa do BCE, tendo em conta o impacto da guerra e das sanções na economia que se avizinha.

Segundo Mário Centeno, os responsáveis já tinham considerado a ameaça da estagflação durante a crise da pandemia. “Depois da invasão, estes riscos só aumentaram”, disse, considerando que este conflito poderá resultar num “impacto positivo na inflação, de poucos pontos decimais, e um impacto negativo no crescimento”. Fechar o gás à Europa seria o “pior cenário”, admitiu.

Para já, acrescentou o governador, “a coisa mais importante é estarmos preparados e disponíveis para salvaguardar a estabilidade financeira”.

Na passada sexta-feira, a presidente do BCE, Christine Lagarde, sublinhou que a autoridade monetária “vai tomar as medidas necessárias” para “assegurar a estabilidade dos preços e a estabilidade financeira na área do euro”.

Há uma semana, Centeno declarou que a subida das taxas de juros é “desejável”, mas sublinhou que a normalização da política monetária não deve estar “indexada às tensões geopolíticas”. “As tensões geopolíticas não estão dentro do conjunto de choques económicos aos quais a política monetária pode dar resposta”, explicou numa aula aberta no ISEG.

(Notícia atualizada às 12h05)

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