Da reestruturação da dívida aos VMOC, estas são as medidas dos candidatos à presidência dos leões

Com três candidatos na corrida à presidência dos leões, o ECO foi à procura nos programas eleitorais das principais medidas que prometem impactar as finanças do Sporting.

O estádio de Alvalade enche-se de verde e branco este sábado para discutir aquele que é sempre um dos dias mais importantes de qualquer instituição desportiva: as eleições para a presidência do clube. Este ano, surgem no boletim de voto a cara de três candidatos: são eles Frederico Varandas, Ricardo Oliveira e Nuno Sousa.

É verdade que estas eleições surgem num momento em que o Sporting está a viver um dos melhores períodos desportivos dos últimos anos, com a conquista do campeonato nacional e a passagem aos oitavos de final da Liga dos Campeões (a segunda vez na sua história), no entanto, em termos financeiros a história tem os seus altos e baixos.

A SAD leonina apresentou um resultado líquido negativo de 33 milhões de euros no último relatório e contas de 2020/2021, naquele que foi o pior resultado desde 2012/2013, quando registou um resultado negativo de 43,8 milhões de euros.

Números que, na altura, foram explicados pelo surgimento inesperado da pandemia de Covid-19, “com consequências na quebra das receitas de transação de jogadores e das receitas operacionais pela ausência de público nos estádios”, refere o clube numa nota enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O Sporting tem estado a resolver o problema da dívida de 240 milhões de euros à banca. Já encontrou solução para metade dessa dívida, mesmo em cima das eleições: esta sexta-feira, a SAD leonina anunciou ao mercado que antecipou mais 38,5 milhões de euros em receitas televisivas com a ajuda do fundo Apollo e que fechou um acordo com o BCP para recomprar a dívida 120 milhões com elevado desconto, e não vai ficar a dever qualquer quantia ao banco liderado por Miguel Maya. Faltam resolver os 120 milhões emprestados pelo Novobanco.

Em relação aos VMOC é necessário recordar que em 2019, a SAD assinou com os bancos dois bancos um acordo de reestruturação dos títulos, que passaram de um preço unitário de um euro para 0,30 euros, o que corresponde a um desconto de 70% na dívida.

Naquela altura, o clube comprometeu-se com os bancos a reembolsar a totalidade desse montante até 2026.

Com todas estas questões em cima da mesa, o ECO foi à procura nos programas eleitorais dos três candidatos as principais medidas financeiras que pretendem implementar no Sporting nos próximos quatro anos.

Frederico Varandas

Eleito presidente do Sporting em 2018, Frederico Varandas ruma para estas eleições com o objetivo de conseguir um segundo mandato e dar seguimento ao projeto começado há quatro anos, em que a resolução da questão da recompra dos VMOC foi um dos seus principais focos e continuará a ser caso permaneça no assento presidencial.

De acordo com o programa eleitoral, Varandas é perentório em relação a este tema, revelando o desejo de concluir o “processo de aquisição da totalidade dos VMOC depois de garantida opção de compra por um preço unitário de 0,30 euros mediante o acordo celebrado com os bancos em 2019″.

Quanto ao passivo bancário, o presidente dos leões ambiciona “dar seguimento ao processo de reestruturação da dívida bancária [com o BCP e Novo Banco] de forma a adequar os termos do acordo de reestruturação à real capacidade do Grupo Sporting”.

Outra das ambições de Frederico Varandas para o clube é atingir o break-even operacional (o ponto em que o custo total e a receita total são iguais) sem incluir as transações de jogadores já no próximo mandato, afirmando no seu programa que “o novo programa focar-se-á essencialmente na otimização de receitas para fechar definitivamente o défice operacional [-11,1 milhões de euros na época 2020/2021] ainda existente”.

Em termos de financiamento, o programa é breve e apenas refere a intenção de explorar “fontes de financiamento alternativas como green bonds e moedas digitais”.

Por fim, o atual líder do emblema de Alvalade salienta ainda a extrema importância em continuar a apostar na formação para melhorar a saúde financeira do clube.

Ricardo Oliveira

Para muitos adeptos de futebol, e até para alguns sportinguistas, Ricardo Oliveira é um nome pouco conhecido. Porém, o gestor e atual presidente da Federação Portuguesa de Padel candidata-se a estas eleições com aspirações de resolver o problema dos VMOC, através de um “financiamento (150-200 milhões de euros) a longo prazo de juros baixos”.

“Iniciar de imediato uma reestruturação financeira através de um financiamento (150-200 milhões de euros) a longo prazo de juro baixo, que permita ao Clube e SAD, entre outras operações, pagar dívidas, recomprar os VMOC e passar a deter 88% da SAD, e ter fundos para a gestão corrente do clube”, explica o candidato no seu programa eleitoral.

Com esta recompra, o Sporting passará a deter 135 milhões de ações, mais as atuais 42.758.805 que detém, o que perfaz um total de 177.758.805 de 202 milhões de ações, os tais 88% das ações da SAD.

Todavia, Ricardo Oliveira explica no mesmo documento que o clube “poderá alienar algumas ações para garantias futuras ou angariação de parceiros estratégicos, mas mantendo sempre a maioria acionista na SAD”.

A antecipação de receitas do vínculo contratual em vigor que liga o clube à Nos — que os leões já anteciparam por várias ocasiões — também foi um dos temas discutidos.

Segundo o candidato, o emblema não deve “voltar a aumentar o número de anos de antecipação de receita do contrato Nos, e diluir os cerca de três anos de antecipação pelos próximos seis (até ao final de época de 2027/2028), de forma que, em seis anos o Sporting não tenha quaisquer receitas antecipadas”.

Já se o clube apresentar resultados líquidos positivos em futuros relatórios de contas, o Sporting vai “pagar 50% do montante em dividendos, retendo os restantes 50% para reinvestimento”.

Nuno Sousa

Vindo diretamente do Porto, o gestor Nuno Sousa foi o primeiro candidato a apresentar a candidatura às eleições do clube leonino, naquela que foi uma campanha assente em dois pilares: a recompra dos VMOC e as dívidas do Sporting.

Em destaque no plano financeiro, o candidato à presidência começa por salientar que pretende consolidar as dívidas existentes do clube e pedir perdão de parte delas que, segundo o mesmo, “resolverá em grande medida o problema de sustentabilidade do clube, assim se venha a ter uma gestão equilibrada, concentrada no crescimento das receitas e apertado controlo de custos”.

Em relação aos VMOC, o objetivo passava por recomprar este títulos e chegar a um patamar perto dos 90% das ações da SAD leonina. Para financiar esta operação, Nuno Sousa propõe três soluções:

  • Iniciar a procura no mercado internacional de parceiros, sejam bancos ou instituições financeiras, com capacidade para montar e financiar esta operação;
  • Como contrapartida preferencial utilizar o contrato de direitos televisivos como colateral, libertando a marca e estádio/pavilhão de quaisquer ónus. Este colateral tem como principal objetivo baixar o custo de financiamento;
  • Lançar um empréstimo obrigacionista de 30 a 50 milhões, em data intermédia com o atual, com objetivo de ter mais linhas de financiamento, com diferentes maturidades.

O candidato quer ainda criar o posto de Chief Financial Officer (CFO) na estrutura do Sporting, com o intuito de tratar temas sensíveis como a “reestruturação da dívida, recompra das VMOC, execução, consolidação e produção de informação, que monitorizará a execução do PEEC, do orçamento anual”.

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