Preço grossista da luz atinge 442,54 euros/MWh e supera pico de dezembro. É recorde

O preço médio grossista da luz atingirá na segunda-feira 442,54 euros/MWh, uma subida de 16,7% face ao registado este domingo. É o valor mais elevado de sempre, acima do alcançado a 23 de dezembro.

O preço da eletricidade no mercado grossista vai atingir uma média de 442,54 euros por megawatt-hora (MWh) no Mibel (mercado ibérico de eletricidade) na segunda-feira, o que representa um aumento de 16,7% face à média de 379,03 euros registados este domingo, de acordo com os dados provisórios da Omie, o operador do mercado ibérico, publicados esta manhã.

Trata-se do valor mais alto de sempre no mercado ibérico de eletricidade, que fornece Espanha e Portugal, acima de uma média diária de 383,67 euros por MWh do passado dia 23 de dezembro de 2021.

O valor oscila significativamente durante o dia. Na segunda-feira, o mínimo será de 379,02 euros por MWh e o máximo de 500 euros por MWh. Este último valor, que vai registar-se durante a manhã e a noite, é o mais caro de sempre.

Este aumento surge numa altura em que os preços do gás natural têm tocado máximos nos mercados internacionais. Esta sexta-feira a cotação europeia do gás natural situou-se nos 192,55 euros por megawatt hora (MWh), o que representava uma subida de 19,73%, segundo o Barchart. Ainda assim, ficou abaixo do recorde de 199,99 euros alcançado na quinta-feira de manhã.

Mais recentemente, a influenciar de forma determinante esta evolução do preço da eletricidade e do gás natural está a invasão russa na Ucrânia. Com vários países da Europa dependentes do gás natural da Rússia, os mercados temem que a retaliação do Kremlin às sanções económicas e financeiras do Ocidente leve a disrupções no fornecimento.

Esta sexta-feira, na conferência organizada pelo ECO sobre a “Guerra na Europa e o choque energético”, o secretário de Estado Adjunto e da Energia sinalizou que o Governo não pode garantir “que não haja subidas” no preço da eletricidade para os consumidores, quando a ERSE fizer a revisão do tarifário no início de abril, mas antecipa que a subida, a ocorrer, será “sempre marginal” e abaixo dos dois dígitos.

Como impactará o preço da sua eletricidade?

No caso da eletricidade, o mercado não é tão rápido quanto os combustíveis ou o gás engarrafado. No mercado regulado, cujo preço é fixado pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), pode haver uma atualização extraordinária trimestral (neste caso, para abril e depois em julho) quando há uma diferença significativa, segundo um comunicado divulgado em 2021: “Para evitar desalinhamentos excessivos com o mercado livre e a criação de desvios a recuperar posteriormente pelas tarifas, com consequências para todos os consumidores, trimestralmente, sempre que se verificar, face às estimativas da ERSE, um desvio do custo de aquisição do CUR igual ou superior a 10 EUR/MWh, a tarifa de Energia deve ser revista num valor fixo de 5 EUR/MWh, no mesmo sentido do desvio”.

Contudo, as medidas que o Governo está a planear, se chegarem a tempo, podem colmatar ou até evitar esta subida a 1 de abril, segundo o Observador. É o caso dos 150 milhões de euros (equivale à receita adicional recebida pelo preço do carbono, fruto de se recorrer mais à produção de eletricidade através do gás natural) do Fundo Ambiental que vão ser usados para reduzir os custos de acesso à rede que constam da fatura da eletricidade. No ano passado, o Executivo fez o mesmo com 800 milhões de euros da “almofada” do Fundo Ambiental.

No caso do mercado liberalizado, a questão é mais complexa, podendo depender do fornecedor. Há casos em que o preço fixado é garantido durante um ano. Contudo, o comercializador pode alterá-lo consoante as oscilações dos preços no mercado, ainda que tenha de avisar com pelo menos 30 dias de antecedência. Segundo a ERSE, “durante a vigência do contrato de fornecimento de eletricidade ou de gás natural, o comercializador apenas pode propor alterações, incluindo sobre o preço, em situações excecionais e devidamente justificadas, que estejam previstas no próprio contrato“.

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