Isabel dos Santos? Nos está “protegida de qualquer turbulência acionista”, diz Cláudia Azevedo
Sonae lamenta que processos judiciais contra Isabel dos Santos continuem a arrastar-se nos tribunais, mas garante que atual posição de 33,45% na Nos é “confortável” em termos de controlo e influência.
Continuam “parados” os processos judiciais que estão a correr em Portugal e também em Angola relativamente a Isabel dos Santos, com quem a Sonae tinha criado em 2012 a Zopt para juntar os interesses no setor das telecomunicações — e que controlavam em partes iguais.
Essa participação na Zopt continua arrestada, como as outras que a empresária angolana tinha em empresas portuguesas. Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, admite que “a única coisa boa no meio disto tudo é que a Nos mantém um desempenho muito bom e conseguiu-se proteger a empresa de qualquer turbulência acionista”.
No verão de 2020, o grupo sediado na Maia anunciou a intenção de desfazer essa parceria com Isabel dos Santos no seguimento do caso Luanda Leaks, que expôs os esquemas financeiros da empresária africana que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.
Na conferência de imprensa realizada esta quinta-feira para apresentar os resultados de 2021, o diretor financeiro da Sonae, João Dolores, recordou que o grupo nortenho tem neste momento, direta ou indiretamente, 33,45% da Nos. E mesmo no dia em que seja dissolvida a Zopt, “pode eventualmente subir a participação até 49,9%, sem espoletar uma OPA”.
É uma posição económica com um nível de controlo e de influência que nos deixa confortáveis. (…) Iremos continuar atentos. O mais importante é garantirmos que a Nos não é afetada por isto.
“É uma posição económica com um nível de controlo e de influência na empresa que nos deixa confortáveis. Se em qualquer momento decidirmos reforçar a participação, iremos fazê-lo. Queremos que as questões judicial e acionista se resolvam. Estamos à espera das autoridades judiciais. Iremos continuar atentos. O mais importante é garantirmos que a empresa não é afetada por isto, que opera bem e continua a executar o seu projeto de telecomunicações no mercado português”, frisou o gestor.
Questionado sobre os planos de expansão para a MC, depois de 25% da operação de retalho alimentar ter sido vendida à CVC em meados de 2021, João Dolores descreveu que já estão a ser “executados planos de expansão” em Portugal, onde “continua a abrir lojas em proximidade de forma bastante acelerada” com a insígnia Continente Bom Dia, e pretende “continuar a aumentar o footprint para estar mais próxima dos clientes e ter um parque de lojas mais completo”.
“Vamos continuar a investir também nos nossos canais digitais em todos os formatos, em particular dentro da MC. E temos também planos de expansão na área de saúde e do bem-estar — em Portugal através da Well’s e em Espanha da Arenal. A MC não para e a CVC está muito alinhada com esta estratégia”, resumiu o responsável financeiro.
Ninguém pode afirmar que está protegido contra todos os ataques. Todas as empresas com algum destaque são atacadas diariamente e estão diariamente a defender-se. É o nosso caso.
Já quanto ao tema da cibersegurança, que nos últimos meses tem estado na agenda, sobretudo depois do ataque informático à Vodafone Portugal, concorrente da Nos, a administração da Sonae assegura que “faz tudo e mais alguma coisa para [se] proteger”. “Ninguém pode afirmar que está protegido contra todos os ataques. Todas as empresas com algum destaque são atacadas diariamente e estão diariamente a defender-se. É o nosso caso. E até à data temos feito isso tudo com sucesso”, respondeu João Günther Amaral.
Esta quinta-feira, Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, garantiu que “não tem nenhum sinal” de que possam vir a faltar produtos alimentares nas prateleiras do Continente. E apesar do contexto de aumento de custos com a energia e com as matérias-primas, promete igualmente que vai “lutar” por manter os preços baixos para os consumidores e que “não vão faltar as promoções” nos supermercados em 2022.
No ano passado, os lucros da Sonae aumentaram para 268 milhões de euros, um crescimento de 45,6% face ao ano anterior. Este é o valor mais elevado dos últimos oito anos. O volume de negócios consolidado da empresa liderada por Cláudia Azevedo subiu 5,3% e atingiu um valor recorde, ultrapassando os sete mil milhões de euros.
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