Paz à vista na Ucrânia? Bolsas europeias e juros sobem, petróleo cede 3%

Progressos nas negociações de paz deram alento aos investidores. Ações europeias tiveram melhor dia em duas semanas. Rali deixou de fora Lisboa, pressionada pela Galp. BCP disparou 5% com dividendo.

Dia de descompressão nas bolsas, com os investidores entusiasmados com os progressos nas negociações entre a Ucrânia e a Rússia para o fim do conflito iniciado por Moscovo há um mês. As ações europeias tiveram a melhor sessão em duas semanas e os juros da dívida também subiram. Já o petróleo aliviou pelo segundo dia seguido.

Esse entusiasmo pouco se notou em Lisboa, ainda assim, com PSI a fechar a sessão desta terça-feira com ganhos de 0,29% para 5.921,84 pontos, enquanto o índice de referência europeu Stoxx 600 somou 1,5% no melhor registo desde dia 16. As praças de Paris e Frankfurt somaram 3% e 2,6%, respetivamente.

Da Turquia, palco das negociações, vieram boas notícias: a Rússia prometeu reduzir drasticamente as suas operações militares em torno de Kiev e da cidade ucraniana de Chernihiv, enquanto a Ucrânia propôs um estatuto neutro com garantias internacionais para proteger o país de ataques.

“Estes avanços oferecem um potencial caminho para uma reunião entre Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky. As perspetivas para o fim da guerra puxaram pelo mercado de ações”, comenta a equipa de mercados do BCP.

Nenhum acordo foi ainda alcançado, mas os avanços nas conversações tiveram impacto também noutros mercados, como das obrigações e do petróleo.

O barril de ouro negro desvaloriza 3%, embora haja outro fator a condicionar o preço: “As medidas de confinamento em Xangai suscitaram preocupações sobre a diminuição da procura de petróleo na China”, lembram os analistas da corretora XTB.

Neste cenário, o setor petrolífero foi um dos mais penalizados do dia. A Galp caiu mais de 2% para 11,065 euros e foi um dos responsáveis pelo facto de os ganhos em Lisboa terem ficado muito aquém do forte entusiasmo verificado nas congéneres europeias. EDP e EDP Renováveis cederam 1,5% e 0,64%.

Por seu turno, o BCP disparou 5,49% para 0,1729 euros depois de o banco ter anunciado que vai distribuir um dividendo de 0,09 cêntimos por ação.

No mercado da dívida, a yield associada às obrigações do Tesouro a dez anos de Portugal superou os 1,4% e já estão em máximos de três anos – já ultrapassou o pico atingido na pandemia, inclusivamente.

Também os juros das obrigações alemãs no mesmo prazo – a referência para os investidores na Zona Euro – avançam para 0,74%, o valor mais elevado desde 2018, enquanto a taxa a dois anos voltou a terreno positivo pela primeira vez desde 2014. Os analistas explicam a subida com o facto de o Banco Central Europeu (BCE) poder ganhar margem para apertar as condições financeiras para travar a inflação em caso de uma resolução do conflito na Ucrânia sem mais impactos na economia.

Por causa disso, aumentaram as expectativas de que o BCE comece a aumentar as taxas de juro em 2022, apontando para subidas até 65 pontos base até dezembro, em vez de 60 pontos base como estavam antes à espera.

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