Governo prevê preço médio do barril de petróleo nos 104,6 dólares este ano

Executivo estima que o preço médio do barril de petróleo seja de 104,6 dólares em 2022, bastante acima do preço dos dois anos anteriores.

O Governo acredita que o preço médio do barril de petróleo seja de 104,6 dólares este ano, numa altura em que a matéria-prima tem disparado devido à invasão da Ucrânia. As projeções constam no anexo à proposta do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), que foi entregue esta quarta-feira no Parlamento, e onde o Executivo antecipa ainda aplicar a redução mais agressiva do ISP até junho.

O preço do petróleo tem estado em máximos de vários anos, atravessando um período de muita volatilidade. Isso tem tido efeito no bolso dos contribuintes, com o preço da gasolina e do gasóleo a disparar, levando o Governo a adotar medidas, nomeadamente com a criação do Autovoucher e com a redução do ISP.

Para 2022, o Executivo estima que o preço médio do barril de petróleo fique nos 104,6 dólares, bastante acima dos 71,7 dólares de 2021 e dos 52,8 dólares de 2020, refere o anexo com os “Elementos Informativos e Complementares” da proposta do OE2022.

“De acordo com as expectativas implícitas nos mercados de futuros (de 5 de abril de 2022), o preço do petróleo deverá aumentar em 2022, para 104,6 dólares por barril (93 euros por barril), comparado com 71 dólares por barril (60 euros por barril) em 2021, sendo o contexto atual caracterizado por uma elevada volatilidade“, refere o Governo, no Relatório do OE2022.

No mesmo documento, o Governo prevê ainda avançar com uma baixa mais agressiva do Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP), correspondente à redução do IVA dos combustíveis para 13%. A medida deverá entrar em vigor em maio e apenas deverá prolongar-se até junho.

O “choque” da variação de 20% do preço do petróleo na economia

O Executivo diz ainda que foram considerados quatros choques nos principais agregados macroeconómicos em 2022, entre os quais a variação de 20% do preço do petróleo. As simulações do Governo antecipam que o impacto seria “pouco significativo no crescimento do PIB em 2022”, mas “significativo na capacidade de financiamento da economia face ao exterior”, refere ainda o Relatório do OE2022.

Além disso, a haver um aumento de 20% no preço do petróleo, o impacto no saldo das Administrações Públicas seria “residual”, “em virtude do crescimento das receitas, quer em termos nominais (devido essencialmente às receitas com impostos indiretos como o ISP ou IVA) quer em percentagem do PIB (mais 0,3 p.p.), e do crescimento das despesas em percentagem do PIB (mais 0,3 p.p.), apesar de contraírem em termos nominais”.

“Adicionalmente, a dívida pública em percentagem do PIB agravar-se-ia em 0,9 p.p., essencialmente devido à contração do PIB”.

Barril de Brent valoriza 2% apesar de quebra nas importações da China

Às 14h42 de Lisboa, o barril de Brent, cotado em Londres e referência às importações nacionais, está a valorizar 2,05% para 106,79 pontos, enquanto o WTI, cotado no Texas, sobe 1,81% para 102,42 dólares.

Este desempenho acontece mesmo depois de a China, que é o maior importador de crude do mundo, ter anunciado que comprou 42,71 milhões de toneladas no mês passado, o equivalente a uma quebra de 14% em termos homólogos. A notícia chegou a aliviar os preços do petróleo no arranque desta sessão, mas os investidores deparam-se com um cenário em que, por um lado, há uma redução na procura e, por outro, perspetiva-se uma quebra na oferta, numa altura em que a União Europeia estuda sancionar Moscovo com a proibição das importações de petróleo russo.

O recuo nas importações chinesas estará relacionado com as medidas do regime de Pequim para tentar travar a propagação de uma vaga de Covid-19. A política de tolerância zero à Covid, caracterizada pelos longos e alargados confinamentos em regiões onde há casos, já está a suscitar receios de uma recessão na segunda maior economia mundial.

A Agência Internacional de Energia (AIE) reviu significativamente em baixa as previsões da procura mundial de petróleo para este ano e, em princípio, não espera problemas graves de escassez, apesar da incerteza sobre o petróleo russo. No relatório mensal sobre o mercado petrolífero publicado esta quarta-feira, a AIE indica que os confinamentos impostos na China explicam uma grande parte desta revisão — que se concentra principalmente no segundo trimestre — em relação ao que tinha calculado em março.

(Notícia atualizada às 15h25 com mais informação)

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