UE pode acelerar redução da dependência de energia russa, acredita Draghi

  • Joana Abrantes Gomes
  • 18 Abril 2022

Primeiro-ministro italiano acredita numa redução mais célere da dependência europeia de energia vinda da Rússia. "Diversificação" de fornecedores é "viável" mais cedo do que se antecipava há um mês.

A União Europeia (UE) pode reduzir a dependência energética da Rússia mais rapidamente do que o esperado, através de novos acordos de abastecimento e outras medidas, disse no domingo o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, em entrevista ao Corriere della Sera.

A diversificação é possível e viável num tempo relativamente curto — mais curto do que imaginávamos há apenas um mês“, afirmou o antigo presidente do Banco Central Europeu, após ter assinado um acordo para aumentar as importações de gás natural proveniente da Argélia para 9 mil milhões de metros cúbicos, reduzindo assim em cerca de um terço a sua dependência de Moscovo, que chega a 40%.

Segundo Draghi, a Itália está “bem posicionada” para enfrentar o inverno e qualquer abrandamento na produção industrial. “Temos gás em armazém e teremos gás novo de outros fornecedores. Mesmo que fossem tomadas medidas de contenção, estas seriam suaves“, explicou, acrescentando que, nesse caso, tratar-se-ia de “uma redução de um a dois graus nas temperaturas de aquecimento e variações semelhantes para os aparelhos de ar condicionado”.

Adicionalmente, o Governo italiano já aprovou regras para desbloquear o investimento em energias renováveis. “Faremos outras em breve”, garantiu Draghi. “O objetivo é assegurar a máxima velocidade nos investimentos em energias renováveis. Até agora, o obstáculo tem sido essencialmente de natureza burocrática e de autorização”, disse.

O governante apontou também que a proposta italiana de limitar os preços do gás natural utilizado para gerar eletricidade a fim de reduzir a dependência do gás russo está “a ganhar consenso entre outros países europeus”.

“A Europa continua a financiar a Rússia através da compra de petróleo e gás, entre outras coisas, a um preço que não tem qualquer relação com valores históricos e custos de produção”, frisou, reiterando que “impor um limite máximo ao preço do gás russo, como proposto pela Itália, é uma forma de reforçar as sanções e ao mesmo tempo minimizar os custos“.

O bloco comunitário, no seu todo, é bastante dependente do gás russo para satisfazer as suas necessidades energéticas. Em 2021, a UE importou 155 mil milhões de metros cúbicos de gás natural da Rússia, o que representou cerca de 45% das importações de gás da UE e perto de 40% do seu consumo total de gás, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE).

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