Exportações de bens já estão 21,5% acima do nível pré-pandemia

As exportações de bens continuaram a crescer no primeiro trimestre deste ano, situando-se atualmente 21,5% acima do nível pré-pandemia. A subida dos preços contribui para este desempenho.

As exportações de bens foram das primeiras componentes do PIB, à semelhança do investimento, a recuperar do impacto da pandemia. E seguem a crescer ainda mais, também com o contributo do aumento dos preços, uma vez que estes valores são nominais.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), as exportações de bens cresceram 18,2% no primeiro trimestre de 2022, em comparação com o primeiro trimestre de 2021, e estão 21,5% acima do valor registado no primeiro trimestre de 2019, antes da pandemia. Estes dados são nominais pelo que não é retirado o efeito da inflação, o qual tem sido pronunciado nos últimos meses.

“No 1.º trimestre de 2022, as exportações aumentaram 18,2% e as importações cresceram 36,8% em relação ao mesmo período de 2021 (+22,0% e +39,6%, pela mesma ordem, no trimestre terminado em fevereiro de 2022)”, anuncia o INE esta terça-feira, referindo que, “comparando com o 1.º trimestre de 2020, as exportações e as importações aumentaram 25,6% e 29,0%, respetivamente (+21,5% e +25,9%, pela mesma ordem, face ao 1.º trimestre de 2019)”.

Fonte: INE

No primeiro trimestre de 2022, entre as grandes categorias de bens, o destaque vai para os fornecimentos industriais que cresceram 38,9% face a 2021, “sobretudo de Produtos transformados, principalmente para Espanha”.

O efeito do aumento dos preços nas exportações e importações de bens foi visível ao longo de 2021, mas intensificou-se este ano principalmente por causa das consequências da invasão russa na Ucrânia. Isolando o mês de março, o primeiro mês completo do conflito que começou a 24 de fevereiro, as importações de combustíveis e lubrificantes aumentaram 132,8%, refletindo a subida em flecha da cotação do petróleo.

Fonte: INE

Também importante é a análise de comparação entre fevereiro e março deste ano, apesar de haver outros efeitos de calendário além da guerra. “Relativamente ao mês anterior, em março de 2022 as exportações e as importações aumentaram 10,7% e 10,0%, respetivamente (+6,0% e +7,5%, respetivamente, em fevereiro de 2022)“, revela o gabinete de estatísticas. Ou seja, tanto as exportações como as importações de bens aceleraram face a fevereiro.

Por países, em março de 2022, olhando para os principais países parceiros em 2021, “é de salientar o aumento nas exportações e nas importações com Espanha (+18,9% e +33,3%, respetivamente), sobretudo de Fornecimentos industriais e de Combustíveis e lubrificantes“. Pela negativa, destaca-se a queda de 8,7% das exportações para o Reino Unido, principalmente por causa da menor exportação de automóveis para transporte de passageiros.

Do lado das importações, é de notar o forte acréscimo dos Estados Unidos, com um aumento de 188,6%, principalmente combustíveis e lubrificantes. O INE especifica que foi em “gás natural liquefeito e óleos brutos de petróleo“, o que já reflete a decisão da União Europeia de reduzir a dependência energética da Rússia.

Défice comercial alarga-se para o maior desde pelo menos 2018

Em março, o défice da balança comercial de bens atingiu 2.415 milhões de euros, praticamente duplicando face ao mesmo mês de 2021, traduzindo-se num aumento de 1.290 milhões de euros. Grande parte desse aumento do défice comercial é explicado pelos combustíveis: “Excluindo Combustíveis e lubrificantes, em março de 2022 o saldo da balança comercial foi -1.447 milhões de euros, correspondente a um aumento do défice de 599 milhões de euros face a março de 2021″.

Fonte: INE

A economia portuguesa caminha assim para um dos maiores défices comerciais desde pelo menos 2018, como mostra o gráfico do INE com os valores acumulados da balança comercial desde o início do ano. Isto numa altura em que a balança de serviços está a recuperar, com as exportações de turismo a crescer significativamente. Falta saber se será suficiente para compensar o acréscimo do défice de bens.

(Notícia atualizada às 11h43 com mais informação)

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