João Rendeiro encontrado morto na prisão

  • ECO
  • 13 Maio 2022

João Rendeiro, ex-presidente do BPP, foi encontrado enforcado dentro da cela da prisão de alta segurança. Advogada sul-africana avança à RTP que se tratou de um suicídio.

João Rendeiro foi encontrado morto na prisão, dentro da cela em que se encontrava detido na África do Sul. As circunstâncias da morte ainda estão totalmente por apurar, sendo que o ex-presidente do BPP foi encontrado enforcado.

A informação da morte do ex-banqueiro foi confirmada pela sua advogada, June Marks, que entretanto avançou à RTP que se tratou de um suicídio. A Procuradoria-Geral da República de África do Sul anunciou a abertura de uma investigação ao caso.

João Rendeiro foi encontrado morto no dia em que ia ser presente a tribunal em audição prévia numa sessão relativa à possível extradição para Portugal, que estava inicialmente agendada para 13 de junho.

Citado pela CNN Portugal, o advogado Pedro Marinho Falcão explicou que a responsabilidade patrimonial de João Rendeiro mantém-se, transmitindo-se a responsabilidade das dívidas para os herdeiros. O processo criminal “extingue-se” em relação a Rendeiro, mas a mulher e o motorista vão continuar na mira da Justiça.

Detido a 11 de dezembro do ano passado na cidade sul-africana de Durban, após quase três meses fugido à justiça portuguesa, João Rendeiro, que tinha 69 anos, encontrava-se desde essa altura na prisão de alta segurança de Westville.

O ex-banqueiro foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do BPP, tendo o tribunal dado como provado que retirou do banco 13,61 milhões de euros. Das três condenações, apenas uma já transitou em julgado e não admitia mais recursos.

João Rendeiro foi ainda condenado a 10 anos de prisão num segundo processo e a mais três anos e seis meses num terceiro processo, sendo que estas duas sentenças ainda não tinham transitado em julgado.

A mais recente condenação de João Rendeiro foi de três anos e seis meses de prisão efetiva por burla qualificada. A decisão foi conhecida no dia 28 de setembro e diz respeito a um processo em que o embaixador Júlio Mascarenhas exigia que João Rendeiro e os outros dois ex-administradores do BPP, Paulo Guichard e Salvador Fezas Vital, fossem condenados a pagar-lhe uma indemnização de mais de 377 mil euros. Esta sentença ainda está em recurso.

A fuga de João Rendeiro foi anunciada pelo próprio no dia da condenação, através de uma publicação no blog que mantinha há vários anos. Na altura, o ex-banqueiro disse que estava em parte incerta e que não regressaria para cumprir pena de prisão.

“Não vejo nenhum cenário onde isso possa acontecer. O único cenário possível seria não haver condenações, ou havendo condenações haver um indulto do Presidente”, afirmou em entrevista à CNN Portugal, em 22 de novembro de 2021. A hipótese de um indulto foi desde logo afastada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

A entrevista acabaria por ser determinante para a Polícia Judiciária encontrar João Rendeiro na África do Sul. O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.

Advogada ia deixar de representar João Rendeiro

O Ministério Público sul-africano (National Prosecuting Authority, NPA) revelou que João Rendeiro iria hoje comparecer em tribunal porque a sua advogada, June Marks, ia deixar de o representar no julgamento do processo de extradição.

“A conferência de pré-julgamento para a audiência de extradição de João Rendeiro foi marcada para 20 de maio de 2022. Durante esta semana, o Estado recebeu uma notificação do representante legal do Rendeiro, declarando que ela irá retirar os seus serviços. O Estado requisitou então que Rendeiro comparecesse hoje no Tribunal de Verulam para que as questões jurídicas pudessem ser abordadas antes da conferência de pré-julgamento da próxima semana”, refere uma nota do NPA à comunicação social.

Questionada pela Lusa, June Marks confirmou que iria deixar de representar o antigo presidente do BPP, mas escusou-se a adiantar as razões. “Isso permanecerá privado entre mim e o Sr. Rendeiro. A decisão foi minha e é privada”, afirmou a advogada sul-africana, continuando: “Fui eu que solicitei a comparência no tribunal. Ele morreu antes de eu poder retirar [o patrocínio]”. June Marks contou que a última vez que esteve com Rendeiro na prisão foi em abril.

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