“Moedas digitais” dos clubes portugueses já afundaram 85%

"Fan token" da Seleção Nacional caminha para o primeiro aniversário a cair mais de 80% face ao valor inicial. Já o do Porto cai mais de 85%.

O ano de 2021 foi marcado pela escalada do preço e popularidade de grande parte dos criptoativos. A Seleção Nacional e o FC Porto também quiseram surfar a onda e lançaram os seus próprios fan tokens no ano passado, que assemelham-se às criptomoedas mas oferecem outros benefícios aos adeptos. Contudo, a tendência está a arrefecer e estes criptoativos registam quebras entre 80% e 85% face ao preço em euros a que foram inicialmente vendidos aos fãs dos clubes. O tumulto nos mercados também não está a ajudar.

O fan token da Seleção Nacional, lançado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), negoceia na plataforma Socios.com com o nome $POR. Em vias de completar o seu primeiro aniversário, regista uma desvalorização superior a 80% face ao valor inicial em euros.

A queda já era significativa há algumas semanas, mas agravou-se na semana passada, quando a maioria dos ativos de risco registaram grandes perdas à luz da expectativa de subida das taxas de juro pelos bancos centrais. Um aperto da política monetária para tentar controlar a inflação.

A 14 de junho de 2021 foram postos à venda um milhão de unidades do token da Seleção Nacional por dois euros cada, de um total de 20 milhões de tokens emitidos. Ao fim de duas horas, toda a oferta disponível já se encontrava esgotada, permitindo à FPF e parceiros arrecadarem dois milhões de euros.

Quase um ano depois, cada token vale cerca de 37 cêntimos. O volume negociado encontra-se em cerca de 143 mil, e o montante negociado quase nos 460 mil Chilliz ($CHZ).

Para adquirir este criptoativo, os fãs devem aderir à plataforma Socios.com e trocar euros por Chilliz ($CHZ), uma criptomoeda com o nome da sua entidade gestora. Depois, basta trocar esses Chilliz por $POR. As vantagens para os investidores vão desde a interação com a equipa nacional ao direito de voto em sondagens publicadas pela Seleção, sendo que isto gera pontos que podem ser trocados por “experiências únicas”, itens exclusivos, jogos, entre outras coisas, segundo a Socios.com.

Desde o lançamento da criptomoeda, foram publicadas apenas duas sondagens, uma para a escolha da música a ser tocada no aquecimento na Seleção (cuja vencedora foi This One’s For You, de David Guetta e Zara Larsson), e o “top 5” de mensagens de apoio à Seleção no jogo contra a Turquia realizado em 24 de março.

Nos dez meses em que a criptomoeda esteve disponível, o preço mais alto em registo verificou-se a 23 de setembro, dia em que o ativo chegou a cotar nos 8,81 $CHZ, o que corresponderia, na altura, a cerca de 2,169 euros, segundo dados do Investing.com. Já o mais baixo (em Chilliz) foi de 2,19 $CHZ a 26 e 28 de novembro, o que, na altura, representaria cerca de 66 cêntimos por token.

Em comparação, um token da Seleção vale agora cerca de 3,21 $CHZ, em torno dos 37 cêntimos. E cada unidade de Chilliz corresponde a 11 cêntimos.

Desempenho do fan token da Seleção (em $CHZ):

Fonte: Socios.com

FC Porto lança token na Binance

O token do FC Porto, lançado em novembro, em parceria com a corretora de criptomoedas, segue o mesmo caminho. Tal como o da Seleção Nacional, também o token “PORTO” pretende envolver os fãs nas decisões tomadas pelo clube, bem como proporcionar “experiências incríveis”.

A operação de venda inicial arrancou a 16 de novembro seguindo um modelo de “subscrição”, onde os interessados alocaram unidades da própria criptomoeda da Binance (“BNB”) e receberam token de PORTO” com base no rácio entre o BNB investido e o total alocado por todos os subscritores.

Nos primeiros dois dias de vida, o valor do token PORTO desceu cerca de 52%, passando dos 10,98 euros, o seu valor mais elevado em registo, para os 5,19 euros. Contudo, o valor mais baixo verificado corresponde a 99 cêntimos na passada quinta-feira, 12 de maio. Atualmente o token do FC Porto acumula uma desvalorização superior a 85% desde o seu lançamento, cotando em cerca de 1,629 euros.

Analisando somente a evolução referente aos últimos três meses, a criptomoeda do clube português desvalorizou cerca de -53,33% apesar de ter registado uma subida de 24 de fevereiro a 11 de abril. A partir de 22 de abril, o PORTO registou uma descida acentuada que se mantém até à data, em linha com a tendência geral de descida dos ativos de risco, incluindo as ações.

Atualmente, o valor de mercado do token PORTO é de 12,71 milhões de euros, correspondente a uma oferta em circulação de 7,49 milhões unidades, ou 18,72% do total de 40 milhões de tokens emitidos. A ideia do clube é que o número de unidades em circulação vá sendo progressivamente desbloqueado a cada 12 meses, em novembro.

Evolução do fan token do Porto (em euros):

Fonte: Binance.com

O ECO tentou contactar a Federação Portuguesa de Futebol e o FC Porto, no sentido de obter um comentário oficial, mas não obteve resposta até ao fecho deste artigo.

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