“Preocupa-nos o excesso de otimismo” do mercado imobiliário, diz CEO da Century 21 Portugal
Procura por casas "está muito resiliente", mas o CEO da Century 21 Portugal está preocupado com a guerra na Ucrânia, subida da inflação e disparo dos custos de construção.
O mercado imobiliário continua a ser um dos mais resilientes, mesmo com todos os efeitos colaterais que existem atualmente, mas o responsável pela Century 21 (C21) em Portugal considera que é preciso ser cauteloso. Apesar de os números serem animadores, Ricardo Sousa diz estar “preocupado” com o “excesso de otimismo e segurança”, tendo em conta o que está a acontecer no mundo e todos os indicadores macroeconómicos.
“Entrámos em 2022 com boas perspetivas e este primeiro quadrimestre confirmou esse bom momento”, diz o CEO da imobiliária ibérica, em entrevista ao ECO. “Notamos que o cliente final do imobiliário residencial confia no mercado”, acrescenta, notando que, hoje em dia, os portugueses fazem, efetivamente, mais reservas de casas, “algo que nos últimos anos não acontecia”. “Era mais a procura e o querer conhecer”.
Os números do setor imobiliário têm sido animadores, com vários negócios a serem fechados e os montantes do crédito à habitação a subirem, mas os impactos do que se está a passar no mundo preocupam. “Vivemos um momento muito complicado, é inquestionável. Preocupa-nos o excesso de otimismo, porque vemos o mercado muito otimista e com muita segurança“, diz Ricardo Sousa.
“Apesar de acreditarmos que há motivos para acreditar num mercado imobiliário e numa economia resiliente, há fatores que nos preocupam bastante, como a guerra na Ucrânia, os confinamentos na China e a tendência em alta da inflação“, explica. O CEO da C21 nota que as consequências são sentidas, contudo, nos promotores e construtores, o que acaba por ter um efeito nos preços finais das casas.
“Preocupa-nos pelo construtor e promotor, pelas dificuldades que existem para que se encontre um preço ajustado à procura dos portugueses. Não vamos ter casas novas em quantidade e a preços acessíveis, porque o custo de construção está a subir de tal forma que a equação que se põe é: ‘a que preço se pode vender tendo em conta que construir é insuportável’“, continua Ricardo Sousa.
O responsável nota que “o pequeno construtor adia a entrega dos produtos [casa] ou avança com a entrega, mas a um ritmo mais conservador”. E isso vai acabar por ter impacto no mercado de casas usadas, que “não terá a rotação necessária, o que vai criar ainda mais pressão na falta de oferta“.
Ricardo Sousa nota que “a procura está muito resiliente” e que “as pessoas querem, de facto, comprar”. Mas que, apesar disso, “o impacto no ritmo de crescimento na entrega de casas novas é a principal preocupação”. Relativamente à evolução dos preços das casas, pode esperar-se uma “estabilização nos mercados mais centrais” e uma “subida nos preços nos mercados mais periféricos”, nomeadamente à volta de Lisboa e na margem sul do Tejo. “Mas a expectativa é ainda de subida dos preços em muitos mercados”, remata o responsável.
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