CGD em “reflexão” sobre saída do maior banco de Cabo Verde

  • Lusa
  • 20 Maio 2022

CGD está em “reflexão” quanto à saída da estrutura acionista do Banco Comercial do Atlântico, em Cabo Verde, estando na mesa a venda da participação de 59% no banco, um processo já iniciado em 2019.

O presidente do conselho executivo do Banco Comercial do Atlântico (BCA) afirmou à Lusa que está em curso uma “reflexão” na Caixa Geral de Depósitos sobre a saída da estrutura acionista daquele banco, o maior em Cabo Verde.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD), detida pelo Estado português, anunciou em 2019 um processo de venda da participação no BCA, no âmbito do plano de reestruturação aprovado pela Comissão Europeia, optando por ficar no mercado cabo-verdiano apenas com o Banco Interatlântico, mas a pandemia de Covid-19 acabou por condicionar todo o processo, que não avançou.

“Até o resultado da conjuntura que vivemos acabou por não ter o nível de procura que se esperava e, portanto, a Caixa entendeu suspender o processo e neste momento ele está a ser objeto de reflexão interna para decisões futuras, em articulação também com o acionista Estado, português”, afirmou à Lusa, na Praia, Francisco Santos Silva, presidente do conselho executivo do BCA.

Esta venda da participação no BCA, que no total ultrapassa um peso de 59%, estava prevista no plano estratégico da CGD para 2017-2020, no âmbito do então plano de restruturação do grupo estatal português, que foi dado como concluído pela Direção Geral da Concorrência da Comissão Europeia em 2021, sem a saída da Caixa daquele banco.

“A presença nestes países também tem uma componente geoestratégica e política em que obviamente o Estado tem uma palavra a dizer”, acrescentou o presidente do conselho executivo do maior banco cabo-verdiano.

“De qualquer modo, a gestão do banco está a trabalhar independentemente das intenções dos acionistas para criar as condições para que o banco seja cada vez mais sustentável e continue a ser um banco de referência em Cabo Verde”, disse ainda.

Através do Banco Interatlântico, que detém igualmente em Cabo Verde, a CGD controla 52,65% do BCA, ao que se soma uma participação própria de 6,76%.

Segundo o relatório e contas, o BCA registou lucros de 1.424 milhões de escudos (13 milhões de euros) em 2021, menos 3,9% face a 2020, que foi o melhor de sempre, quebra justificada pela administração com a necessidade de aumentar as provisões face à instabilidade internacional.

O banco prevê distribuir 50% desses lucros em dividendos aos acionistas, pelo que o grupo CGD deverá receber quase 430 milhões de escudos (3,9 milhões de euros) dos resultados do BCA de 2021.

A CGD retirou o BCA da lista de ativos detidos para venda, referindo o seu presidente, em fevereiro passado, que o banco público mantém a intenção de vender um dos dois bancos que tem em Cabo Verde.

“Não há alteração de vontade da Caixa ou do acionista de vender um dos dois bancos de Cabo Verde, é preciso que haja quem queira comprar e por valor adequado, não estamos disponíveis para vender por qualquer preço”, disse Paulo Macedo.

Sem adiantar mais informações sobre o tema, nomeadamente se houve alguma negociação mais avançada que não foi avante, Paulo Macedo deixou a divulgação de informação para o Governo, caso este o queira fazer.

“A nossa recomendação está no Governo, se [o executivo] quiser revelar”, afirmou.

O presidente executivo da CGD frisou que “não faz nenhum sentido a Caixa ter dois bancos em Cabo Verde“, mas que a evolução desse processo “vai depender do mercado, da procura, das autoridades de Cabo Verde”.

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