Vodafone: “Não podemos comprometer-nos” a manter os preços

Operadoras sem planos para subir os preços dos pacotes de momento, mas nenhuma arrisca prometer não o vir a fazer com este aumento de custos. Vodafone é mais clara e diz mesmo que não se compromete.

A escalada dos preços da energia afeta todos os setores e o das telecomunicações não é exceção. Os equipamentos precisam de eletricidade para funcionar e os técnicos conduzem viaturas que bebem combustível. Neste momento, as três principais operadoras portuguesas dizem não ter planos para subir preços aos clientes, mas nenhuma arrisca prometer não ter de o vir a fazer.

A Vodafone diz ter conseguido absorver este aumento dos custos, castigando a margem do negócio. Mas a empresa é clara ao dizer que não pode garantir que não vai acabar por ter de subir as mensalidades aos clientes: “Não podemos comprometer-nos”, diz ao ECO fonte oficial da empresa.

“O nosso setor é fortemente impactado pelos preços da energia e do combustível”, explica fonte oficial da empresa, que dá como “exemplo”, precisamente, o “negócio fixo” e as “deslocações técnicas a casa dos clientes”. Mas a inflação também se faz sentir em áreas menos óbvias, como nos preços do ferro e do cobre, usados “na construção de torres de telecomunicações e expansão da fibra” ótica.

Neste tipo de situações, as empresas só têm duas hipóteses — absorver o aumento dos custos, refletindo-o negativamente nas margens, e/ou aumentar os preços dos produtos e serviços. Mas este período é particularmente sensível para as operadoras portuguesas, que se encontram a investir na expansão das novas redes 5G, o que não pode ser adiado porque existem obrigações de cobertura ambiciosas que têm de ser respeitadas.

Por isso, a Vodafone não afasta qualquer cenário: “A subida dos preços provocará, necessariamente, um aumento do investimento para garantir essa mesma cobertura, o que é difícil de acomodar nos planos que tínhamos. Estamos a fazer um esforço para que isto não se reflita nos preços — que, em Portugal, são dos mais baixos a nível europeu — mas não podemos comprometer-nos”, assume fonte oficial da empresa liderada por Mário Vaz, ao mesmo tempo que recorda que as obrigações de cobertura “exigem investimentos avultados, planeados com base nos preços antes do leilão de espetro”.

Estamos a fazer um esforço para que isto não se reflita nos preços — que, em Portugal, são dos mais baixos a nível europeu — mas não podemos comprometer-nos.

Fonte oficial da Vodafone

A Altice Portugal, dona da operadora Meo, tem repetido que a comissão executiva está a monitorizar a situação. Mas, para já, não vê necessidade de atualizar as mensalidades dos pacotes: “O contexto da inflação está a ser monitorizado pela equipa de gestão da Altice Portugal com o objetivo de mitigar efeitos na estrutura e na operação. De momento, não há qualquer plano para a alteração de preços”, promete fonte oficial.

É uma mensagem idêntica à da Nos, que diz: “Estamos a acompanhar de perto a situação e, apesar do impacto que o conflito está a ter nas cadeias de valor e custos de produção. De momento, não estão previstas atualizações”, disse fonte oficial da empresa.

Face à conjuntura desafiante, que não é exclusiva do mercado português, as empresas de telecomunicações em vários países da Europa têm explorado oportunidades de consolidação, o que lhes permite ganhar escala e arcabouço para enfrentar as adversidades. Em Espanha, Orange e MásMóvil avançaram para uma fusão e há rumores de que estes últimos, que detêm a Nowo, estarão interessados num movimento deste tipo também no mercado português.

A somar a isto, o presidente executivo do grupo Vodafone, Nick Read, disse há poucos dias que a empresa está em “conversações ativas” para explorar possíveis oportunidades de fusão num conjunto de países europeus. E Portugal está nessa lista.

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