Swissport aponta a 100% da Groundforce com opção de compra da posição da TAP

Warwick Brady, CEO da empresa suíça que diz ser "a Apple ou a Microsoft do handling”, afirma que o "hub" no aeroporto de Lisboa “não é particularmente bem gerido” e que pode fazer muito pela TAP.

A empresa suíça de serviços de assistência em terra ficará com a opção de comprar a participação da TAP se ganhar a corrida à Groundforce, revelou o CEO, Warwick Brady. O processo de escolha de um novo acionista deverá ficar concluído em julho e o responsável puxa pelos galões na reta final: “Nós somos a Apple ou a Microsoft do handling”.

Na disputa pelos 50,1% de Alfredo Casimiro na Groundforce estão a Swissport e a National Aviation Services do Koweit, que recentemente viu a oferta pela britânica Menzies ser aprovada pelos acionistas. Se for a escolhida, a empresa suíça terá uma opção de compra dos 49,9% detidos pela TAP SGPS. Os remédios impostos pela Comissão Europeia para aprovar os auxílios de Estado à companhia aérea determinam a venda da participação.

Warwick Brady assume que a Swissport gosta de ter 100% do capital, mas cabe à companhia aérea portuguesa decidir quando desinveste. O CEO espera um desfecho rápido para o “namoro” que começou há cerca de um ano, então ainda com Alfredo Casimiro como interlocutor. Depois veio a declaração de insolvência em agosto do ano passado e o processo passou para os administradores designados pelo Tribunal. “Nós temos sido resilientes. Muitos já teriam desistido de Portugal”, disse o gestor sul-africano num encontro com jornalistas em Zurique, onde fica a sede da empresa.

O responsável aponta a experiência na gestão de hubs, onde existem várias conexões entre voos, como um trunfo da Swissport. Munique com a Lufhtansa, Viracopos com a Azul ou Zurique com a Swiss são exemplos de aeroportos onde a companhia suíça assume esse papel. “Sabemos como gerir todo o ecossistema”, assevera. Algo que, na sua opinião, não acontece da melhor forma em Lisboa. “Não é um hub particularmente bem gerido. Podemos fazer muito pela TAP”, afirma.

Operação de handling de um voo da TAP no aeroporto de Zurique, feito pela Swissport.

A eficiência da operação é um dos argumentos, que vai ao encontro da pretensão da transportadora portuguesa de reduzir o valor que paga pelos serviços de processamento de passageiros e carga. “Nós podemos diminuir os custos da TAP”, assegura Warwick Brady.

“Espero que a TAP reconheça que nós somos a melhor solução. Nós somos a Apple ou a Microsoft do handling”, compara o CEO. Além disso, garante que a empresa tem “um balanço robusto, tem capital e acionistas que querem investir”.

A entrada de um novo acionista na Groundforce faz parte do plano de reestruturação que será proposto pelos administradores de insolvência e terá de ser aprovado por dois terços dos credores. O maior grupo é o dos trabalhadores. A transportadora aérea portuguesa, além de um credor muito relevante, é também, de longe, o maior cliente da Groundforce. Para o processo ficar concluído será necessário que a insolvência transite em julgado, o que está dependente do resultado do recurso apresentado por Alfredo Casimiro no Supremo Tribunal de Justiça.

Recuperação mais rápida obriga a refazer contas

O tráfego aéreo deverá recuperar mais cedo que o previsto os níveis de 2019. Seguindo as previsões da IATA, a Swissport antecipa que este ano se atinja 85% a 90% dos níveis pré-Covid e os 100% em 2023.

Nadia Kaddouri, chief strategist & sustainability officer, afirma que a companhia suíça está neste momento a rever as previsões para os volumes nos aeroportos portugueses e para as necessidades de pessoal, dada a recuperação mais rápida que já está a ocorrer no país. Aponta um cenário de mais 10%, em cima do valor já estimado. A empresa suíça acredita que o crescimento vai continuar nos próximos anos. Warwick Brady refere o sol e os regimes fiscais atrativos como dois fatores de atração.

Questionada sobre os constrangimentos na infraestrutura aeroportuária da capital, Nadia Kaddouri reconheceu que “é um aeroporto complexo e com restrições”. “Queremos construir uma parceria com a ANA e a TAP. Podemos participar no planeamento do futuro aeroporto. Quando e como vai acontecer não é para nós”, acrescentou. “As companhias aéreas têm de investir e os aeroportos têm de investir para garantir que a infraestrutura funciona bem”, reforça o CEO.

A Swissport reclama a liderança no mercado global de handling, que vale cerca de 40 mil milhões de dólares. A companhia suíça tem operações em 285 aeroportos, dos quais 79 na Europa. Recentemente assinou contrato com a ITA Airways, sucessora da Alitalia, para o aeroporto de Roma. Em 2021 processou 97 milhões de passageiros e 5,1 milhões de toneladas de carga para 850 clientes.

Os principais acionistas da empresa suíça são fundos das gestoras de ativos Strategic Value Partners, Ares Management, TowerBrook Capital Partners, Cross Ocean Partners e King Street Capital Management. Eram detentoras da dívida e em 2020 acordaram a conversão desta em capital, levando à saída dos chineses do HNA Group, que chegaram a ter uma participação indireta de 9% na TAP.

(O jornalista viajou para Zurique a convite da Swissport)

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