Ramalho quer “reflexão” sobre Banco de Fomento

  • ECO
  • 9 Junho 2022

Presidente executivo do Novobanco defende que o Banco de Fomento tem de reformular os seus objetivos, para ser complementar da banca comercial. "É um desafio que tarda a ser respondido", diz.

António Ramalho defende uma reformulação dos objetivos do Banco de Fomento. O ainda líder do Novobanco entende que a instituição financeira deve assumir outro tipo de riscos e complementar o trabalho da restante banca comercial. “É um desafio que tarda a ser respondido”, diz em tom crítico.

Não sei se este vai ser o meu último discurso sobre trade finance na qualidade de líder do Novobanco, começo a ter aquela liberdade e independência de fazer alguma reflexão” sobre o sistema português, afirmou Ramalho perante uma plateia de empresários, na conferência “Os Novos Desafios do Comércio Internacional”, em Vila Nova de Famalicão. “Está na altura do sistema financeiro português e o sistema político e organizativo do sistema financeiro refletirem claramente três áreas fundamentais do ponto de vista da perceção sobre aquilo que vai ser a característica daquilo que vai ser a regionalização desglobalizante do modelo e de outros objetivos“.

Acho que nos está a faltar-nos uma reflexão profunda sobre um Banco de Fomento virado, não para falhas de mercado, não apenas para soluções de capitalização – que também são importantes -, mas, sobretudo, para a procura de um fundamento de complementaridade do mercado, assumindo parcelas de risco que não são aceitavelmente supridas pelo sistema da banca comercial, através de um sistema participativo com a banca comercial“, defendeu o banqueiro. “É um desafio que tarda a ser respondido, diz em tom crítico.

A poucas semanas de terminar o seu mandato com presidente executivo do Novobanco, António Ramalho também salientou que é necessário “fazer uma reflexão renovada sobre o papel dos seguros de crédito fora de ambiente OCDE para congregar capacidades geográficas de proximidade cultural que não têm tido resposta junto dos operadores, nomeadamente porque nos falta um operador de resseguros internacional de caráter semi-público ou de parceria público-privada, depois da privatização da COSEC“, concluída em 1992.

Está a faltar-nos uma reflexão profunda sobre um Banco de Fomento virado não para falhas de mercado, não apenas para soluções de capitalização – que também são importantes – mas, sobretudo, para a procura de um fundamento de complementaridade do mercado, assumindo parcelas de risco que não são aceitavelmente supridas pelo sistema da banca comercial, através de um sistema participativo com a banca nacional

António Ramalho

Presidente executivo do Novo Banco

O banqueiro considerou ainda que “falta um novo fôlego em estrutura de capitalização a um quadro de regionalização com o mar e a língua com base nos países de língua oficial portuguesa”. Ramalho defendeu ainda que como “absolutamente fundamental criar bases para um novo comércio internacional, com relevância para as estruturas portuguesas”.

A conferência decorreu no CITEVE, o centro tecnológico da indústria têxtil e do vestuário, em Famalicão, e contou ainda com a participação do secretário de Estado João Neves, depois de um debate que incluiu Sara Romano de Castro (CCI – Câmara de Comércio Internacional), Andrès Baltar (administrador do Novobanco), Manuel Gonçalves (TMG), Carlos Filipe Vieira de Castro (Vieira de Castro) e José Manuel Fernandes (Frezite). Veja aqui o vídeo completo da conferência.

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