Setor automóvel português cresce acima de média europeia, garante AFIA

Setor automóvel português contesta dados de estudo da OIT para a área e revela que a indústria nacional de componentes automóveis cresceu 8% ao ano, contra 0,3% da produção automóvel europeia.

O presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA) contestou esta terça-feira os dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que apontava para o elevado número de trabalhadores com vínculo precário e com futuro incerto tendo em conta a forte dependência de modelos a combustão. José Couto defendeu que a indústria nacional de componentes automóveis tem crescido acima da média europeia e que a OIT incorreu num erro de análise ao mão contemplar esta vertente da indústria na sua análise.

Segundo os dados do cluster da indústria automóvel, entre 2015 e 2019, a indústria nacional de componentes automóveis cresceu 8% ao ano contra os 0,3% da produção automóvel europeia. Contabilizando os efeitos da Covid-19 em 2020, a indústria de componentes nacional teve um desempenho de -13,6% nesse ano em termos homólogos, contra +4% em 2021; já a produção automóvel da Europa registou um desempenho de -22% em 2020, e -3,5% em 2021.

Em conferência de imprensa conjunta entre a AFIA, a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) e o cluster automóvel MOBINOV, o setor contestou os dados do mais recente estudo da OIT, por considerarem que o universo analisado é menor que o número real de empresas que o compõem.

O setor automóvel nacional avançou ainda que a área compreende mais de 1.100 empresas nacionais, das quais 350 (0,9%) trabalham para a indústria automóvel de componentes. Relativamente ao número de trabalhadores, o cluster automóvel esclareceu que já são mais de 90.000 o número de empregados diretos na indústria, ou cerca de 33% dos empregos gerados na indústria transformadora nos últimos quatro anos. Por sua vez, a indústria automóvel de componentes alberga cerca de 61.000 empregos diretos, o que representa um volume de negócios de 10,7 milhões de euros, ou 5,2% do PIB.

No que diz respeito ao número de trabalhadores temporários empregados, também aqui os números do cluster automóvel divergem dos da OIT. O setor automóvel nacional defende que apenas 11,7% dos seus trabalhadores se encontram em regime de trabalho temporário, contra 88,3% dos restantes trabalhadores. Por outro lado, as associações reiteram que a remuneração média anual per capita se encontra 13% superior à média da indústria transformadora.

O presidente da ACAP acrescentou ainda que no caminho para os motores elétricos, o “grande desafio não é da indústria, mas da parte dos consumidores”, disse referindo-se ao elevado preço de entrada para a aquisição de veículos elétricos. Relativamente a este assunto, Hélder Pedro rematou que Portugal tem as condições para investir na reconversão, visto que o país “tem toda a fileira para a produção de baterias”, disse acrescentando que o Governo português terá de dar passos nesta matéria.

Ainda no campo do investimento, dados da AFIA revelam que o investimento acumulado entre 2015 e 2020 correspondeu a uma média de 13,1 milhões de euros por empresa, sendo que as empresas de componentes automóveis investem, em média, 20 vezes mais do que as empresas da indústria transformadora. Em linha com estes dados, também a produtividade do trabalho por pessoa ao serviço verificou-se 26% superior à média da indústria transformadora, nos 38.500 euros.

O setor automóvel nacional criticou o estudo da OIT por este se focar na CAE 29, um código específico que deixa de fora outros produtos e componentes automóveis, como os sistemas de navegação, os revestimentos têxteis, pneus, peças técnicas em plástico e outros materiais. Para o cluster automóvel, o top 10 das empresas da indústria de componentes representam apenas 38% do volume de negócios (3,9 mil milhões de euros anuais), e 31% das pessoas ao serviço (19.500 pessoas).

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