Sword Health e Remote apoiam financeiramente colaboradores após decisão do Supremo
Depois de nos EUA o Supremo ter anulado a decisão do processo “Roe vs. Wade”, que protegia desde 1973 o direito das mulheres a interromper a gravidez, as empresas têm avançado com apoios.
As unicórnios Sword Health e Remote estão entre as empresas que nos Estados Unidos estão a avançar com apoio financeiro aos colaboradores, depois de a decisão do Supremo Tribunal de Justiça ter deixado ao critério de cada Estado decidir sobre a legalização da interrupção voluntária da gravidez. Na Feedzai o tema “está a ser analisado”.
“Acreditamos, como companhia e a nível pessoal, que o direito à interrupção voluntária da gravidez é um direito humano e ao avançarmos com uma lei que vai legalmente proibi-lo, estamos a regredir no tempo e a eliminar anos de progresso social no sentido de uma existência humana mais equitativa”, disse Virgílio Bento, cofundador da Sword Health, numa comunicação interna enviada aos colaboradores, depois de o Supremo ter anulado a decisão do processo “Roe vs. Wade”, que, desde 1973, protegia como constitucional o direito das mulheres a interromper a gravidez.
“Numa resposta direta a esta decisão, queremos que saibam que caso pretendam acesso a serviços de saúde reprodutiva que o vosso Estado proíbe, iremos cobrir os custos de deslocação e licença paga para que possam, com outra pessoa, viajar e tratar da vossa saúde”, anunciou o CEO da startup, que atua na área de saúde, numa carta partilhada na sua rede no LinkedIn.
Contactada pela Pessoas, a Sword Health não quis adiantar mais informação.
Mas não é o único unicórnio nacional a tomar medidas na sequência desta decisão da justiça norte-americana. Na Remote a política da empresas sobre direitos reprodutivos e bem-estar foi “atualizada”, adianta Marcelo Lebre, cofundador da unicórnio.
No site a Remote indica que apoia com 2.000 dólares os trabalhadores ou os seus parceiros para custear transporte, alojamento ou de cuidados de saúde “caso o seu Estado ou país não permita uma forma segura de interromper a gravidez”.
“O pedido para estes fundos será tratado de forma confidencial e com a maior urgência”, “não há passos de aprovação”, “não recolhemos quaisquer tipo de dados sobre este assunto”, garante a empresa. “Se preferir mudar-se de forma permanente, siga o nosso processo de relocalização, não precisa de dar nenhuma razão”, diz ainda a unicórnio.
Na Feedzai — outro unicórnio nacional com colaboradores nos Estados Unidos — “o tema está a ser analisado internamente“, adianta fonte oficial quando contactada pela Pessoas.
Farfetch, Outsystems e Anchorage Digital não quiseram comentar este tema. Até ao momento a Talkdesk ainda não adiantou a sua posição.
Metade dos americanos tem seguros de saúde das empresas
Depois da decisão do Supremo, muitas empresas com operação nos Estados Unidos têm vindo a avançar com medidas de apoio aos colaboradores para que, caso seja essa a sua opção, possam ir a outro Estado onde a interrupção voluntária da gravidez seja legal.
Citigroup, Salesforce, Match Group, Walt Disney, JPMorgan Chase ou a Meta (a dona do Facebook e do Instagram), entre outras empresas, já anunciaram que irão prestar apoio financeiro, relata a CNN Business. (conteúdo em inglês)
Há dias foi a vez de a Google enviar um email aos colaboradores informando-os de que poderiam “candidatar-se a relocalização (para outro Estado) sem justificação”, lembrando ainda que os planos e seguros de saúde da tecnológica “cobrem procedimentos (médicos) fora do Estado que não estão disponíveis nos locais onde o colaborador vive e trabalha”, num email enviado por Fiona Cicconi, a chief people officer do Google, a que a Verge teve acesso. (conteúdo em inglês)
Depois da Nike também a Adidas tomou posição e anunciou que o plano de saúde para os seus funcionários no país garante até 10.000 dólares para cobrir custos de viagem e alojamento para situações em que os colaboradores tenham de sair do Estado onde residem/trabalham para realizar esse procedimento médico.
“A Adidas está firme no apoio ao direito de escolher os cuidados de saúde apropriados para cada um”, disse a marca alemã citada pela Footwear News. (conteúdo em inglês).
Cerca de 50% dos trabalhadores americanos auferem de seguros de saúde através das suas empresas, o que significa que, o local onde trabalham determina muitas vezes o tipo de cuidados de saúde a que têm acesso, segundo números noticiados pela Quartz. (conteúdo em inglês e de acesso reservado) A decisão agora tomada pela justiça norte-americana poderá aumentar, ainda mais, a dependência dos colaboradores para terem acesso a cuidados de saúde.
“Penso que, infelizmente, isto irá resultar em dois níveis: o das pessoas que têm recursos para obterem os cuidados que necessitam, e as pessoas que não têm”, comenta Erika Seth Davies, CEO da Rhia Ventures, empresa de impacto social focada nas mulheres e na saúde reprodutiva, citada pela Quartz.
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