Biometano entra pela primeira vez na rede de gás em Portugal, injetado pela Dourogás

A Dourogás tem cinco milhões de euros para investir em biometano, que começa hoje o seu caminho na rede de gás. A empresa está ainda envolvida em projetos de hidrogénio verde de 300 milhões.

O biometano, um gás produzido a partir de fonte renovável que pode substituir o gás natural, vai ser injetado na rede de gás portuguesa pela primeira vez esta terça-feira pela mão da Dourogás. A empresa tem cinco milhões de euros para investir em projetos de biometano, mas, apesar de ser este o protagonista do dia, há outro gás renovável em carteira: em conjunto com a Lightsource bp, tem projetos de 300 milhões de euros na área do hidrogénio verde, adianta ao ECO/Capital Verde o presidente, Nuno Moreira.

No aterro sanitário de Urjais, no distrito de Bragança e concelho de Mirandela, está instalado um sistema de purificação de biogás para biometano, que até agora foi usado sobretudo para mobilidade, pelos 40 camiões da Resíduos do Nordeste. Fazem a recolha do lixo e usam o gás produzido a partir desses resíduos para se moverem. Mas ainda sobra. “Tinha de ser aproveitado para outra utilização”, explica Moreira. Essa utilização será, a partir de agora, a injeção na rede de gás.

Posto de injeção de biometano da Dourogás

A Dourogás construiu um equipamento que permite essa injeção, que faz o controlo da qualidade e do poder calorífico do biometano, de forma a garantir que este se adequa aos consumidores. Um tubo levará este gás desde o aterro sanitário até ao complexo agroindustrial do Cachão, em Urjais, onde abastecerá dez clientes industriais e 80 clientes domésticos.

Os equipamentos de todos estes clientes estão preparados para receber biometano, já que este gás não exige adaptações face ao gás natural. No entanto, sendo esta a primeira injeção, a Dourogás considerou “prudente” ir injetando numa percentagem crescente e espera que no fim do ano já esteja a abastecer estes clientes com 100% de biometano.

Estamos no caminho para que Portugal deixe de ser importador de gás natural e passe a ser produtor, e até exportador, de gases renováveis,

Nuno Moreira

Presidente da Dourogás

Este é o primeiro projeto, mas a Dourogás espera escalar. “Já temos um plano também para a ETAR [estação de tratamento de águas residuais] de Bragança, com o projeto recentemente aprovado”, afirma Nuno Moreira. Na ETAR de Loures e Frielas a empresa possui um sistema entre quatro a cinco vezes maior do que o de Urjais, que seria capaz de abastecer até 40% do consumo de gás da Carris.

“Estamos no caminho para que Portugal deixe de ser importador de gás natural e passe a ser produtor, e até exportador, de gases renováveis”, acredita o presidente da Dourogás.

Nuno Moreira, presidente da Dourogás

Oito projetos de hidrogénio verde na calha

Outro gás renovável mais badalado, o hidrogénio verde, também está na agenda da Dourogás, que se associou à Lightsource bp neste empreendimento. Têm, no total, oito projetos de hidrogénio em carteira, num conjunto de 200 megawatts (MW) de potência instalada de eletrolisadores — e que podem escalar até aos 400 megawatts. Vão estar espalhados por todo o país, em localidades próximas das válvulas da rede de gás. Ao todo, requerem um investimento de 300 milhões de euros.

O primeiro projeto e o mais avançado está ancorado em Monforte. Tem 5 MW de potência instalada e está em fase de adjudicação, isto é, de ser encomendada a construção. Os restantes ainda possuem apenas as autorizações necessárias – ambientais e camarárias. Para estes, o momento para avançar “é uma questão de decisão de investimento”, conclui Nuno Moreira.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, participou na cerimónia que assinala a primeira injeção de biometano na Rede de Gás Natural

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