Feira do Livro de Lisboa é evento cultural, mas faturação também importa

  • Lusa
  • 24 Agosto 2022

Os editores admitiram um ligeiro ajuste nos preços dos livros. Feira do livro "é importante do ponto de vista comercial, porque se vendem livros que estão fora das livrarias".

A Feira do Livro de Lisboa, que começa esta quinta-feira, é um ponto de encontro cultural para leitores, mas também um momento importante de faturação para quem vende, mesmo em tempos de crise, afirmaram esta quarta-feira à Lusa alguns livreiros.

Na véspera de abertura oficial ao público, havia um reboliço no Parque Eduardo VII, com dezenas de trabalhadores, editores e livreiros a desempacotarem caixas, a ordenar livros nos escaparates e a colarem os últimos cartazes nos renovados espaços expositivos que acolhem os 140 participantes da 92.ª edição.

Na área da Relógio d’Água, que ocupa vários stands com novidades editoriais e fundos de catálogo, o editor Francisco Vale explicou à agência Lusa que a presença em feiras do livro, como as de Lisboa e do Porto, é importante para a saúde financeira da editora, representando cerca de 10% da faturação. “Uma vez por ano transformamo-nos em livreiros”, disse Francisco Vale, sublinhando que a Relógio d’Água, a celebrar 40 anos de existência, tem condições “para resistir” a mais uma crise, nomeadamente com a subida da inflação e do preço dos materiais de produção, em particular do papel.

Estamos a responder da maneira que podemos, não subindo o preço dos livros, a não ser muito ligeiramente, e poupar noutros fatores de produção, fazendo tiragens menores, escolhendo papéis mais acessíveis sem perda de qualidade”, exemplificou.

Noutro corredor da feira, Fernando Castro, representante editorial da Kalandraka, contou à agência Lusa que a feira deste ano “vai ser um tira-teimas” para se perceber se o aumento do custo de vida dos portugueses “vai ter influência na compra dos livros”. Admitindo que “a faturação é muito importante” para esta editora focada no livro ilustrado, Fernando Castro disse esperar que a Kalandraka alcance, pelo menos, os valores de venda de 2021, acima dos 20.000 euros.

O presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), Pedro Sobral, sublinhou à agência Lusa que a Feira do Livro de Lisboa é um momento importante na vida cultural da cidade, pela presença de muitas editoras, pela extensa programação e porque permite o contacto direto entre leitores e autores. No entanto, também “é importante do ponto de vista comercial, porque se vendem livros que estão fora das livrarias”, permite o “escoamento de stocks” e é “um um momento privilegiadíssimo para gerar tesouraria” para as editoras de menor dimensão.

Pedro Sobral reconheceu o “sobrepeso de novas variáveis” no mercado da edição, com o aumento do custo e até escassez de matérias-primas, o que fez com que “alguns editores tivessem adaptado o plano editorial”. Os editores contactados pela agência Lusa admitiram um ligeiro ajuste nos preços dos livros, mas o presidente da APEL explicou que “a maioria dos aumentos dos preços das matérias-primas tem sido absorvida pelos editores”, não tendo um peso substancial no preço final do consumidor.

Percorrendo os corredores da feira, entre os últimos trabalhos de montagem, é possível ver quem cole cartazes informativos, instale espaços móveis e dê destaque a promoções e preços mais baixos.

Ana Gaspar Pinto, responsável pela comunicação do recente grupo editorial Infinito Particular, afirmou à agência Lusa que as expectativas para esta edição da feira são altas, porque a participação na edição de 2021 “correu muito bem”. “A feira é um ponto de contacto com o leitor. É muito bom falar com eles, ter feedback e a feira é a única oportunidade. Sabemos que é um ano mais difícil… tudo aumentou, desde bens de consumo a bens de cultura. Os portugueses terão menos dinheiro no bolso, mas esperamos conseguir conquistá-los com as ofertas que temos e tentar não aumentar o preço dos livros”, disse.

A 92.ª edição da Feira do Livro de Lisboa decorrerá até 11 de setembro e foi apresentada pela APEL como “a maior edição de sempre”, com 140 participantes – mais dez do que em 2021 – e 340 pavilhões, sendo esperados mais de meio milhão de visitantes no Parque Eduardo VII. A Ucrânia é o país convidado da feira, com a presença de um pequeno ‘stand’ com livros ucranianos e programação associada, para “criar uma espécie de bolha sobre a cultura editorial para que os ucranianos tenham um pequeno oásis de tranquilidade”, explicou Pedro Sobral.

Toda a programação da feira e informação sobre os participantes está em feiradolivrodelisboa.pt.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Feira do Livro de Lisboa é evento cultural, mas faturação também importa

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião