CEO da TAP admite vender instalações no aeroporto após mudança

Decisão de mudar de instalações está tomada e deverá ser comunicada aos trabalhadores em Setembro. Futuro dos edifícios também pode passar pelo desenvolvimento de um projeto imobiliário.

A TAP vai mesmo mudar de instalações, apesar da oposição dos sindicatos. A decisão final deverá ser anunciada em setembro. Em entrevista ao ECO, a presidente executiva revela que os edifícios da companhia junto ao aeroporto serão vendidos ou poderá ali ser desenvolvido um projeto imobiliário.

Vista aérea dos edifícios e terrenos da TAP junto ao aeroporto.

“Teremos de tentar monetizar o máximo possível. Temos de ver quais são as opções. Monetizar pode ser vender, pode ser desenvolver um projeto imobiliário“, afirma Christine Ourmiéres-Widener.

A transportadora portuguesa deverá mudar-se para as atuais instalações dos CTT no Parque das Nações, um edifício com cerca de 15 mil metros quadrados propriedade do fundo alemão Deka Immobilien, como o ECO noticiou. A CEO da TAP não quis confirmar a localização, por não ter sido ainda assinado o contrato. “A única informação que posso confirmar é que tomámos a decisão de mudar”, diz. A mudança não incluirá os hangares e edifícios afetos à manutenção de aeronaves.

O chamado “Reduto TAP”, que inclui vários edifícios e terrenos circundantes, numa área de 23 hectares junto ao aeroporto Humberto Delgado, pode render um elevado encaixe. Chegou a estar avaliado em 146 milhões de euros, segundo o relatório e contas do primeiro semestre de 2014 da Parpública. O último relatório e contas anual da TAP indica um valor líquido de 105,74 milhões no final de dezembro de 2021, repartido entre 41,13 milhões para os terrenos e 64,61 milhões para os edifícios.

O valor vai aumentar de forma exponencial no dia em que as pessoas acreditarem que vamos mesmo mudar.

Christine Ourmières-Widener

CEO da TAP

Sem adiantar números, Christine Ourmiéres-Widener afirma que “o valor vai aumentar de forma exponencial no dia em que as pessoas acreditarem que vamos mesmo mudar”. O destino a dar aos edifícios e terrenos “é um trabalho para a equipa financeira, para o acionista”, diz, acrescentando que “terá de ser o conselho de administração a tomar uma decisão“.

“Ainda não terminámos a estrutura do projeto porque há questões a que temos de responder, como os benefícios que os trabalhadores têm aqui e que querem ver no novo edifício”, explicou a responsável. Questionada sobre se os benefícios incluem o parqueamento, a cantina e a creche, respondeu que “todos esses assuntos estão a ser trabalhados”. “Em setembro devemos conseguir dar todas as respostas”, acrescentou.

Os sindicatos têm sido muito críticos em relação à mudança de instalações, comunicada no final de abril à Comissão de Trabalhadores (CT), receando perder regalias. Num comunicado divulgado esta semana, o SITAVA “exorta a empresa a evitar despesas desnecessárias, como por exemplo aquela insólita ideia, em nossa opinião muito pouco sensata, de mudar a sede da empresa para fora do reduto, para um edifício onde teria que fazer avultadas obras de vários milhões de euros, e cuja renda rondará, também os quatro a cinco milhões de euros anuais”.

Há prioridades de mudança cultural, trabalharmos juntos, estarmos apenas num edifício em vez de em cinco. Há também benefícios financeiros, com poupanças no investimento e despesas operacionais.

Christine Ourmières-Widener

CEO da TAP

A presidente executiva da TAP defende a opção. “Para ficarmos nestas instalações teríamos de investir, por razões de segurança”, aponta. Segundo cálculos transmitidos na altura à CT, as obras rondariam os 40 a 50 milhões de euros. Christine Ourmiéres-Widener aponta outros motivos: “Há prioridades de mudança cultural, trabalharmos juntos, estarmos apenas num edifício em vez de em cinco. Há também benefícios financeiros, com poupanças no investimento e despesas operacionais”.

A TAP mudou-se para as atuais instalações em junho de 1971 (há uma reportagem da RTP sobre a inauguração), em regime de licenciamento. Só em 1989 os terrenos e edifícios passaram a fazer parte do património da empresa, através de um Decreto-lei aprovado pelo Governo de Cavaco Silva, que os desafetou do domínio público aeroportuário.

Na altura, a integração destes ativos tangíveis nas contas da TAP ajudou a robustecer o balanço. “O valor a atribuir aos terrenos que serão integrados no património da TAP será traduzido em correspondente aumento do capital estatutário”, lê-se no diploma.

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